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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

No poema “Estava escrito”, que compõe a coletânea naveiriana, o eu-lírico<br />

“ce<strong>de</strong>” a voz aos imigrantes e, por meio <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>nuncia a formação multicultural <strong>do</strong> <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, nestes versos que galgam dimensões épicas ao exporem a saga <strong>do</strong>s povos<br />

árabes e armênios no Esta<strong>do</strong>:<br />

Estava escrito,<br />

Era aqui o lugar on<strong>de</strong> aportaríamos,<br />

Imigrantes,<br />

Gente que passou provações.<br />

Esta terra disse sim<br />

A to<strong>do</strong>s nós<br />

E repartiu conosco a ternura da vida.<br />

Este cerra<strong>do</strong> vermelho<br />

Acolheu nossas nacionalida<strong>de</strong>s,<br />

Nossas preces<br />

E nos uniu numa osmose <strong>de</strong> lama e luz.<br />

Muitas histórias,<br />

Gran<strong>de</strong>s e humil<strong>de</strong>s,<br />

Construiriam este sul <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>,<br />

Estava escrito. (NAVEIRA, 1994, p.99)<br />

No prosseguimento <strong>de</strong>sta investigação, procuraremos <strong>de</strong>stacar com mais ênfase<br />

o papel da memória na coletânea naveiriana, pois até o momento este enfoque parece ter<br />

fica<strong>do</strong> mais restrito à última estrofe <strong>do</strong> texto poético “Rumo ao Centro-Oeste”. Para a empresa<br />

que ambicionamos alcançar, pensamos ser <strong>de</strong> muita valia as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Sérgio<br />

Yonamine, inseridas no ensaio “A cida<strong>de</strong> da memória”. Na perspectiva <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> autor,<br />

Lembrar é ser cultural, porque, além <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> tempo cósmico, este inapreensível<br />

e abstrato, ente psicológico e subjetivo que criamos para tentar enten<strong>de</strong>r o que<br />

acontece, também inventamos outras categorias <strong>de</strong> tempo, se assim po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir.<br />

É o tempo humano, basea<strong>do</strong> justamente em nossas vivências. Po<strong>de</strong>mos também<br />

chamar <strong>de</strong> tempo-histórico porque é sempre um tempo relata<strong>do</strong>. É esse tempo<br />

relata<strong>do</strong>, fundamentalmente cultural que dá valores, escalas e significa<strong>do</strong>s aos atos e<br />

fatos e dá a eles seqüência e até uma lógica argumentada. (sic) (YONAMIME, 1995,<br />

p. 10)<br />

Os posicionamentos <strong>de</strong> Yonamine nos ajudam a pensar como da memória<br />

naveiriana emanam as vertentes culturais que permeiam a coletânea Sob os cedros <strong>do</strong> Senhor<br />

(1994). As lembranças que Naveira <strong>de</strong>tém <strong>do</strong>s primórdios <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> e <strong>do</strong>s povos<br />

árabes e armênios que colaboraram, <strong>de</strong> diversas maneiras, no <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong> se<br />

tornam culturais na medida em que reativam os elementos culturais “perdi<strong>do</strong>s” no tempo. O<br />

tempo humano, no qual residiam as lembranças da poetisa, é reinventa<strong>do</strong> em sua obra. Na<br />

poesia narrativa <strong>de</strong> Naveira, esse tempo é relata<strong>do</strong> e se torna “fundamentalmente cultural”,<br />

aconteceram, que acontecem e que po<strong>de</strong>rão acontecer” (MENEGAZZO, 2004, p. 55-56).<br />

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