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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

raciais <strong>do</strong> século XIX foram <strong>de</strong>senvolvidas com a intenção <strong>de</strong> tornar verda<strong>de</strong>, comprovar<br />

através da ciência, um pensamento estereotipa<strong>do</strong> (SCHWARCZ, 1993).<br />

Num breve histórico <strong>de</strong> algumas das principais <strong>do</strong>utrinas raciais vê-se que já no fim <strong>do</strong><br />

século XVIII havia um prolongamento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate ainda não resolvi<strong>do</strong>: <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> a visão<br />

humanista, her<strong>de</strong>ira da Revolução Francesa; <strong>de</strong> outro, uma reflexão tímida sobre as diferenças<br />

existentes entre os homens. Assim, “o termo raça é introduzi<strong>do</strong> na literatura mais<br />

especializada em inícios <strong>do</strong> século XIX, por Georges Cuvier, inauguran<strong>do</strong> a idéia da<br />

existência <strong>de</strong> heranças físicas permanentes entre os vários grupos humanos”. (SCHWARCZ,<br />

1993, P. 46). Resultante disto temos o surgimento <strong>de</strong> duas interpretações para se pensar a<br />

origem <strong>do</strong> homem: os monogenistas acreditavam que a humanida<strong>de</strong> era uma; e os<br />

poligenistas criam na existência <strong>de</strong> vários centros <strong>de</strong> criação, que correspon<strong>de</strong>riam às<br />

diferenças raciais, <strong>de</strong>ssa linha surge a frenologia e a antropometria, teorias que interpretavam<br />

a capacida<strong>de</strong> humana toman<strong>do</strong> em conta o tamanho e proporção <strong>do</strong> cérebro <strong>do</strong>s diferentes<br />

povos, ten<strong>do</strong> como principal nome Cesare Lombroso – este argumentava ser a criminalida<strong>de</strong><br />

um fenômeno físico e hereditário e, como tal, um elemento objetivamente <strong>de</strong>tectável nas<br />

diferentes socieda<strong>de</strong>s. Esse tipo <strong>de</strong> pesquisa também foi bastante utilizada no campo da<br />

<strong>do</strong>ença mental. Para fim <strong>de</strong> ilustração, vale dizer que, segun<strong>do</strong> Hossne, o próprio Lima<br />

Barreto, em uma <strong>de</strong> suas internações hospitalares <strong>de</strong>vidas sempre à dipsomania (alcoolismo<br />

intermitente), teve o diâmetro craniano medi<strong>do</strong>. “Concluiu-se que era braquicéfalo, com o que<br />

se divertiu muito o escritor, dizen<strong>do</strong> em crônicas que agora os que o ofendiam por discordar<br />

<strong>de</strong> suas idéias dispunham <strong>de</strong> mais um argumento que, no entanto, não o calaria.” (HOSSNE,<br />

2002, p. 54)<br />

Depois da publicação da Origem das espécies (1859) <strong>de</strong>rivam várias teorias, <strong>de</strong>ntre<br />

elas surge a “teoria das raças” que con<strong>de</strong>nava a miscigenação, criou-se também uma<br />

hierarquia racial, e isso implicou uma espécie <strong>de</strong> “i<strong>de</strong>al político”, um diagnóstico sobre a<br />

submissão das raças ou mesmo a possível eliminação das raças inferiores - a eugenia - cuja<br />

meta era intervir na reprodução das populações.<br />

Estas teorias, apesar <strong>de</strong> forjar da<strong>do</strong>s para comprovar hipóteses, segun<strong>do</strong> Lilia<br />

Schwarcz, duraram até os anos 30 no Brasil. 11 Após o aparecimento e consolidação <strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s culturais, <strong>de</strong> gênero, pós-coloniais e etc., quer dizer, estu<strong>do</strong>s que foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s<br />

a partir <strong>de</strong> movimentos sociais e movimentos <strong>de</strong> libertação nacionais nas ex-colônias, os<br />

conceitos, antes da<strong>do</strong>s como verda<strong>de</strong>s absolutas, foram relativiza<strong>do</strong>s e agora sabemos que o<br />

11 Conforme Hossne, nesse perío<strong>do</strong> os livros <strong>de</strong> Renan, Le Bon, Taine e Gobineau entre outros, eram bastante<br />

li<strong>do</strong>s no Brasil. (HOSSNE, Andrea, 2002.)<br />

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