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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

Emília Amaral no livro, O Leitor Segun<strong>do</strong> G.H., discute sobre a leitura <strong>de</strong> A paixão<br />

segun<strong>do</strong> G.H., feita por Olga <strong>de</strong> Sá, em sua obra intitulada Clarice Lispector: a travessia <strong>do</strong><br />

oposto. Segun<strong>do</strong> Amaral, Sá propõe-se a ler A Paixão Segun<strong>do</strong> G.H. ‘na pauta <strong>do</strong> irônico’,<br />

‘como reversão paródica’. Sua análise começa pelo título, pois o título, segun<strong>do</strong> Sá, inverte as<br />

expectativas <strong>do</strong> leitor comum, num primeiro nível, se este enten<strong>de</strong>r o termo em seu senti<strong>do</strong><br />

erótico, o que o fará ser contraria<strong>do</strong> por uma “resposta ontológica”. Num segun<strong>do</strong> nível, para<br />

Olga <strong>de</strong> Sá, o título po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>spertar “contínuas reminiscências bíblicas” no leitor, uma vez<br />

que o fará pensar nas narrativas evangélicas da Paixão <strong>de</strong> Cristo: Paixão <strong>de</strong> Jesus Cristo<br />

segun<strong>do</strong> Matheus, João etc. Neste caso, segun<strong>do</strong> ela, o leitor também terá a sua expectativa<br />

invertida, pois Clarice Lispector “<strong>de</strong>sloca a paixão <strong>de</strong> Cristo <strong>do</strong> plano da transcendência para<br />

o da imanência”, ou seja, segue um mo<strong>de</strong>lo bíblico, mas o reverte freqüentemente, na<br />

construção <strong>do</strong> seu próprio itinerário.<br />

Para Olga <strong>de</strong> Sá em A paixão segun<strong>do</strong> G.H, a paixão é vivida e narrada pela<br />

protagonista, enquanto as narrativas bíblicas constituem partes <strong>do</strong>s evangelhos que relatam os<br />

sofrimentos <strong>de</strong> Cristo como foram vistos ou conheci<strong>do</strong>s por seus discípulos. Sobre a leitura <strong>de</strong><br />

Olga <strong>de</strong> Sá <strong>do</strong> romance <strong>de</strong> Lispector, Emilia Amaral observou que a autora diferencia a<br />

paixão <strong>de</strong> G.H. da paixão segun<strong>do</strong> G.H. E diz:<br />

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Se a primeira é uma “experiência limite”, “porque a manducação da barata levará<br />

G.H. à renuncia <strong>de</strong> sua vida pessoal, <strong>de</strong> seu ser como linguagem” a segunda também<br />

o é, na medida em que “atinge a natureza <strong>do</strong> seu produtor da linguagem: o escritor”.<br />

A obra estrutura-se, portanto, entre o silêncio da imanência que será<br />

conquistada pela personagem G.H., e a transcendência da linguagem com a qual este<br />

silêncio será relata<strong>do</strong> pela personagem G.H. (AMARAL, 2005, p. 122-123)<br />

A análise <strong>de</strong> fragmentos da fortuna crítica <strong>de</strong> A paixão segun<strong>do</strong> G.H. feita por Benedito<br />

Nunes (principalmente), Olga <strong>de</strong> Sá e Emilia Amaral, exposta aqui contribui para elucidar, na<br />

esteira <strong>do</strong> que diz Wittgenstein, em seus estu<strong>do</strong>s sobre a linguagem, que neste romance <strong>de</strong><br />

Clarice Lispector o jogo entre linguagem e a realida<strong>de</strong> é o tema central. A consciência da<br />

linguagem como o que não po<strong>de</strong> ser totalmente verbaliza<strong>do</strong>, ou seja, a consciência <strong>do</strong>s limites<br />

da linguagem que se faz presente na ficção. E é justamente o embate narrativa versus<br />

consciência que da vida a protagonista G.H.: a tentação <strong>de</strong> saber, <strong>de</strong> <strong>de</strong>signar a coisa sem<br />

nome, a experiência limite <strong>de</strong> percorrer o caminho da linguagem até o silêncio ten<strong>do</strong> em vista<br />

o fracasso.<br />

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