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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

atuação <strong>de</strong> uma criança nor<strong>de</strong>stina”. (I<strong>de</strong>m, p. 72). De forma que Gouvea enfatiza, “analisar a<br />

diversida<strong>de</strong> das experiências infantis indica a necessida<strong>de</strong> da ampliação <strong>de</strong> fontes, <strong>de</strong> maneira<br />

a conferir visibilida<strong>de</strong> a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espaços sociais <strong>de</strong> inserção e conformação da<br />

experiência histórica <strong>de</strong> ser criança” (GOUVEA, 2002, p. 19).<br />

Dessa forma, observamos que a concepção <strong>de</strong> infância, <strong>de</strong>corre por diferentes<br />

significa<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s momento histórico, volta<strong>do</strong> a um da<strong>do</strong> grupo social em que<br />

tanto o contexto cultural, econômico, religioso e intelectual é extremamente relevante. Sen<strong>do</strong><br />

que a criança, por estar inserida e participar ativamente da cultura, não po<strong>de</strong> viver uma<br />

infância i<strong>de</strong>alizada e não elimina a especificida<strong>de</strong> da infância, como categoria social.<br />

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Concluímos, <strong>de</strong>ssa maneira, que o autor <strong>de</strong> Menino <strong>de</strong> Engenho, o narra<strong>do</strong>r é<br />

consciente <strong>do</strong> seu distanciamento das condições sociais históricas, tatean<strong>do</strong> entre a narração<br />

das mesmas para fixá-las e se <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazer, como se fosse algo perdi<strong>do</strong> para sempre,<br />

tem um tom <strong>de</strong> autoquestionamento. Ao fazer a obra, o Carlos adulto, o faz <strong>de</strong> mãos dadas<br />

com a criança <strong>do</strong> engenho. A representação não ocorre <strong>de</strong> maneira fácil e pacífica, pois<br />

compartilha o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> representação. O autor não compartilha da mesma visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

menino Carlos, mas há mesmo assim, uma aproximação, pois o adulto acaba por aceitar, por<br />

meio das memórias, a voz <strong>do</strong> menino. Na obra Infância, temos um sentimento frequente <strong>de</strong><br />

humilhação <strong>de</strong> menino que é, sucessivamente, machuca<strong>do</strong> pelos pais. Há uma negociação<br />

entre o próprio escritor e o menino, <strong>de</strong> forma que o menino possa simular o seu mun<strong>do</strong>, é<br />

como se tivesse uma aproximação e, ao mesmo tempo um distanciamento, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a existir<br />

uma representação.<br />

Ao arraigarmos os conhecimentos sobre as crianças e suas infâncias, possibilitamos<br />

maior visibilida<strong>de</strong> às suas representações, contribuin<strong>do</strong> assim, para uma reconfiguração <strong>do</strong><br />

conceito <strong>de</strong> infância e <strong>de</strong> sua distinção no lugar que as crianças ocupam na socieda<strong>de</strong> atual.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ARIÈS, P. História social da criança e da família. Trad.Dora Flaksman. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Livros técnicos e Científicos Editora. 1981<br />

BACHELARD, Gaston. A poética <strong>do</strong> espaço. Trad. Antonio <strong>de</strong> Padua Danesi. São Paulo:<br />

Martins Fontes, 1988.<br />

BAKHTIN, Mikhail. Questões <strong>de</strong> literatura e <strong>de</strong> estética: a teoria <strong>do</strong> romance. São Paulo:<br />

UNESP, 1998<br />

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