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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

no plural “as morais”, as <strong>de</strong>fine como “a linguagem figurada das paixões” (2007, p.99). Este<br />

filósofo coloca que:<br />

Toda moral é, em oposição ao laisser aller (<strong>de</strong>ixa correr), uma espécie <strong>de</strong> tirania<br />

contra a “natureza” e também contra a “razão”. Mas isso não po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> objeção<br />

contra ela, se não fosse preciso <strong>de</strong>cretar, em nome <strong>de</strong> outra moral, qualquer que<br />

fosse, que toda tirania e irracionalida<strong>de</strong> são interditas. O que há <strong>de</strong> inapreciável em<br />

toda moral é que é uma coação prolongada (NIETZSCHE, grifo <strong>do</strong> autor, 2007,<br />

p.99).<br />

Assim, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> arbitrário e contrário à razão, para Nietzsche “a longa servidão <strong>do</strong><br />

espírito, a <strong>de</strong>sconfiada coação na comunicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s pensamentos, a disciplina que o<br />

pensa<strong>do</strong>r se impunha [...] se revelaram como meios <strong>de</strong> educação pelo qual o espírito europeu<br />

chegou ao seu vigor [...]” (2007, p.100). A incisiva filosofia <strong>de</strong>ste autor nos revela que é a<br />

“natureza” da moral que ensina a <strong>de</strong>preciar a excessiva liberda<strong>de</strong> e que implanta a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> horizontes limita<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> tarefas atingíveis, é a moral que nos encolhe as<br />

perspectivas, a ambição <strong>de</strong>smedida com relação ao gozo da vida e <strong>de</strong> exercício total <strong>de</strong> nosso<br />

potencial <strong>de</strong> crescimento, seja ele material, intelectual ou <strong>de</strong> status social. Ramos afirma que,<br />

em Macbeth, “o crime é cometi<strong>do</strong> conscientemente pelo herói trágico. O remorso o inibe em<br />

um primeiro momento, mas para Macbeth sangue atrai sangue, como se uma nova morte o<br />

alimentasse, o fortalecesse. Começa aí, portanto, seu <strong>de</strong>clínio moral.” (2008, grifo da autora,<br />

p.22). Segun<strong>do</strong> esta autora Macbeth racionaliza o ato, ele pensou sobre e optou, <strong>de</strong>cidiu pelo<br />

mal. Para Ramos, apesar da “pre<strong>de</strong>stinação” anunciada pelas bruxas, o personagem teve<br />

momentos <strong>de</strong> reflexão sobre as anunciações e fez a escolha.<br />

Lady, len<strong>do</strong> a carta <strong>de</strong> Macbeth, continua: “O que <strong>de</strong>sejas com fervor, <strong>de</strong>sejaras<br />

santamente; não queres jogo ilícito, ruas queres ganhar mal. Desejaras, gran<strong>de</strong> Glamis,<br />

possuir o que te grita: <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> precisarás fazer, para que o tenhas!” (2001, p.10) Nota-se<br />

que Macbeth racionaliza o ato (o assassinato <strong>do</strong> rei), antes <strong>de</strong> fazê-lo e mesmo assim o<br />

pratica. Será que ele pensou <strong>de</strong> fato? Arendt distingue pensar <strong>de</strong> conhecer, para ela, conhecer<br />

é saber algo, pensar é refletir sobre algo. Conforme a autora:<br />

A incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar não é estupi<strong>de</strong>z; po<strong>de</strong> ser encontrada em pessoas<br />

inteligentíssimas; e a malda<strong>de</strong> dificilmente é sua causa, no mínimo porque a<br />

irreflexão, bem como a estupi<strong>de</strong>z, são fenômenos bem mais frequentes <strong>do</strong> que a<br />

malda<strong>de</strong>. (1993, p.149)<br />

Desta forma, Arendt aponta que diversas conjunturas políticas da história da humanida<strong>de</strong> que<br />

culminaram em genocídios, <strong>de</strong>sastres ambientais, catástrofes e tragédias po<strong>de</strong>m ter si<strong>do</strong><br />

perpetradas por atos estúpi<strong>do</strong>s sem terem si<strong>do</strong> algum dia atos mal<strong>do</strong>sos premedita<strong>do</strong>s.<br />

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