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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quinze semanas quan<strong>do</strong> pô<strong>de</strong> parar para avaliar o que estava fazen<strong>do</strong>, percebeu a<br />

magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu empreendimento:<br />

Eu estava produzin<strong>do</strong> histórias curtas para uma audiência bem mais sofisticada e<br />

seletiva <strong>do</strong> que os habituais leitores <strong>de</strong> tirinhas <strong>de</strong> jornal. A realida<strong>de</strong> da tarefa e suas<br />

enormes possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ixaram-me vibran<strong>do</strong>. E avancei com o entusiasmo<br />

eufórico <strong>de</strong> um explora<strong>do</strong>r aventureiro. Nos <strong>do</strong>ze anos seguintes <strong>de</strong>sbravei esse<br />

território virgem em uma orgia <strong>de</strong> experimentação, fazen<strong>do</strong> <strong>de</strong> The Spirit uma<br />

plataforma <strong>de</strong> lançamentos para todas as i<strong>de</strong>ias que passavam pela minha cabeça.<br />

(EISNER 1995, p. 5).<br />

Foi então que Eisner percebeu que o que ele produzia era uma forma <strong>de</strong> arte capaz <strong>de</strong><br />

abordar temas muito mais significativos <strong>do</strong> que apenas super-heróis em uniformes colori<strong>do</strong>s<br />

salvan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> super vilões. Mas, infelizmente, a maioria <strong>do</strong>s quadrinistas não<br />

pensavam <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que Eisner a respeitos das Hqs, fazen<strong>do</strong> com que as Histórias em<br />

Quadrinhos permanecessem no mesmo marasmo. Pois centenas <strong>de</strong> HQs eram produzidas, mas<br />

a gran<strong>de</strong> maioria possuíam o mesmo plano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, com histórias e temáticas parecidas, o<br />

que <strong>de</strong>svalorizava culturalmente os quadrinhos.<br />

Eisner enten<strong>de</strong> essa estagnada <strong>do</strong>s Quadrinhos como um problema na criação da<br />

escrita que os quadrinistas encontravam ao produzir Arte Sequencial. O fato é que os<br />

Quadrinhos são principalmente visuais; é o trabalho artístico que chama a atenção inicial <strong>do</strong><br />

leitor, o que levava os quadrinistas várias vezes centrar to<strong>do</strong> seu trabalho nas imagens. Isso<br />

causava uma super valorização da parte visual, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> toda a parte escritural <strong>de</strong> la<strong>do</strong>, o que<br />

causava gran<strong>de</strong> preocupação em Eisner:<br />

A receptivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> leitor ao efeito sensorial e, muitas vezes a valorização <strong>de</strong>sse<br />

aspecto reforçam essa preocupação e estimulam a proliferação <strong>de</strong> atletas artísticos<br />

que produzem páginas <strong>de</strong> arte absolutamente <strong>de</strong>slumbrantes sustentadas por uma<br />

história quase inexistente. (EISNER, 1999, p. 123)<br />

Aos poucos a situação foi mudan<strong>do</strong>, pois cada vez ficava mais evi<strong>de</strong>nte que muitos<br />

outros quadrinistas também produziam trabalhos <strong>de</strong> extrema competência, cartunistas bons<br />

surgiram, ao longo <strong>do</strong> século XX, <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os lugares, às vezes ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> suas histórias na<br />

rua, como, por exemplo, Robert Crumb. E foi-se crian<strong>do</strong>, como diz Eisner, um espaço <strong>de</strong><br />

diálogo entre a Arte Sequencial e o círculo cultural:<br />

Na época, discutir abertamente quadrinhos como forma <strong>de</strong> arte – ou mesmo<br />

reclamar-lhes qualquer anatomia ou legitimida<strong>de</strong> – era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma<br />

espantosa presunção e um convite ao ridículo. No entanto, ao longo <strong>do</strong>s anos<br />

seguintes, a aceitação e o aplauso foram facilitan<strong>do</strong> a entrada <strong>de</strong> Arte Sequencial no<br />

círculo cultural. Em um clima <strong>de</strong> serieda<strong>de</strong> alimenta<strong>do</strong> pela atenção <strong>do</strong> público<br />

adulto, os artistas pu<strong>de</strong>ram tentar novos caminhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento num campo<br />

que antes só havia permiti<strong>do</strong> o que Jules Feiffer <strong>de</strong>finiu como arte Junk. A arte <strong>de</strong><br />

impacto e a <strong>de</strong> exploração imaginativa foram só as primeiras safras <strong>de</strong>ssa<br />

germinação. (EISNER, 1995, p. 6).<br />

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