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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

no tempo, idêntico a si mesmo. Assim, justamente, o que produz a queda das i<strong>de</strong>ntificações<br />

imaginárias levadas até o limite estático <strong>de</strong> “tu és isto, tu és nada” é um efeito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.<br />

Esta verda<strong>de</strong>, que introduz o fim da análise, lhe revela que o seu ser é nada. Que qualquer<br />

tentativa <strong>de</strong> se afirmar eternamente numa imagem que o <strong>de</strong>fina é, com efeito, uma ficção que<br />

o <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> <strong>do</strong> vazio <strong>do</strong> seu ser. 4<br />

Esclareci<strong>do</strong> o processo clínico psicanalítico, se torna mais simples enten<strong>de</strong>r o que<br />

preten<strong>de</strong> a crítica psicanalítica da literatura que, traduzida resumidamente, propõe o<br />

<strong>de</strong>scentramento <strong>do</strong> literário, o arrancan<strong>do</strong> da posição inquestionável <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r imposta pelas<br />

humanida<strong>de</strong>s no sistema universitário da América Latina.<br />

De certa forma, o <strong>de</strong>scentramento proposto por Beverley abre espaço para a tese <strong>de</strong><br />

Martín-Barbero. Para este, na América Latina, a idéia <strong>de</strong> nação está ligada aos meios <strong>de</strong><br />

comunicação que foram <strong>de</strong>cisivos na formação e difusão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Segun<strong>do</strong><br />

Martín-Barbero, a oralida<strong>de</strong> e visualida<strong>de</strong> eletrônica seriam os responsáveis por isto. Mas, a<br />

mídia opera como agente da <strong>de</strong>svalorização nacional, <strong>de</strong>sestruturan<strong>do</strong> o espaço nacional,<br />

entretanto não o <strong>de</strong>scaracteriza, já que a representação da mestiçagem se dá com o intuito<br />

homegeneiza<strong>do</strong>r, tornan<strong>do</strong> o espaço latino-americano único.<br />

Canclini também acredita que a América Latina não compartilha da narrativa cultural<br />

européia. Sua tese sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> latino-americana, segun<strong>do</strong> Escosteguy, anuncia: “Se<br />

antes as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>finiam pelas relações com o território, tentan<strong>do</strong> expressar a<br />

construção <strong>de</strong> um projeto nacional, atualmente configuram-se no consumo.”<br />

(ESCOSTEGUY, 2003, p.179). I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que foi inicialmente construída através <strong>de</strong> relatos<br />

funda<strong>do</strong>res, apropriação <strong>de</strong> um território e <strong>de</strong>fesa, <strong>de</strong>sse território, das invasões estrangeiras.<br />

Ou seja, o ‘<strong>de</strong>scentramento’ proposto nos permite não só um questionamento da<br />

instituição literatura, como também possibilita a visualização <strong>de</strong> outros meios <strong>de</strong> construção e<br />

difusão <strong>do</strong> espaço e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Po<strong>de</strong>ríamos discutir melhor isto, porém, da<strong>do</strong> o<br />

objeto <strong>de</strong> nosso estu<strong>do</strong>, o que necessitamos enfatizar são os questionamentos acerca <strong>do</strong><br />

literário coloca<strong>do</strong>s por Beverley.<br />

No momento em que crítica uma representação poética <strong>de</strong> Neruda, o autor exemplifica<br />

a atitu<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vemos tomar frente aos textos literários, que se resume em questionar o<br />

4 Estas informações foram obtidas através <strong>de</strong> um curso sobre Psicanálise Lacaniana ministra<strong>do</strong> pelo professor<br />

Eduar<strong>do</strong> Riaviz na UFSC e pela leitura <strong>do</strong> ensaio <strong>de</strong> Lacan intitula<strong>do</strong> O estádio <strong>do</strong> espelho como forma<strong>do</strong>r da<br />

função <strong>do</strong> eu tal como nos é revelada na experiência psicanalítica: “No recurso <strong>de</strong> preservarmos <strong>do</strong> sujeito ao<br />

sujeito, a psicanálise po<strong>de</strong> acompanhar o paciente até o limite extático <strong>do</strong> “Tu é isto” em que se revela, para ele,<br />

a cifra <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>stino moral, mas não está só em nosso po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> praticantes levá-lo a esse momento em que se<br />

começa a verda<strong>de</strong>ira viagem”. (LACAN, 1998, p. 103)<br />

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