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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

político <strong>do</strong>s escritores latino-americanos, incluin<strong>do</strong> aí Santiago. Como nos propõe Hugo<br />

Achugar em Planetas sem Boca (2006) na relação entre memória e esquecimento <strong>do</strong>s povos<br />

latino-americanos ao não possuir história e necessitar da invenção, ou da ficcionalização, para<br />

uma possível reflexão <strong>de</strong> sua própria construção sem origem, como nos confirma Souza:<br />

A origem, fantasma e vazio da análise genealógica, é entendida, no seu estatuto <strong>de</strong><br />

invenção e se <strong>de</strong>scarta <strong>de</strong> qualquer ilusão <strong>de</strong> princípio funda<strong>do</strong>r ou <strong>de</strong> autenticida<strong>de</strong><br />

factual. A invenção passa a ser tributária da força <strong>do</strong>s discursos e da retórica<br />

interpretativa. (2002, p. 113)<br />

E é da força <strong>do</strong>s discursos relacionada com nossos campos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s, agora<br />

amplia<strong>do</strong>s pela crítica cultural, que é possível justificar os atos escritos <strong>de</strong> Santiago, e <strong>de</strong><br />

muitos outros autores:<br />

Ao se consi<strong>de</strong>rar a vida como texto e as suas personagens como figurantes <strong>de</strong>ste<br />

cenário <strong>de</strong> representação, o exercício da crítica biográfica irá certamente respon<strong>de</strong>r<br />

pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diálogo entre e teoria literária, a crítica cultural e a literatura<br />

comparada, ressaltan<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>r ficcional da teoria e a força teórica inserida em toda<br />

ficção. (SOUZA, 2002, p. 113)<br />

O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> representação propostos no título <strong>de</strong>ste ensaio é minha contribuição<br />

para relacionar mais uma vez os campos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s literários e mostrar a força teórica que a<br />

ficção possui, a expressão “xoxota estética” passa a ganhar estatuto <strong>de</strong> conceito teórico, para<br />

po<strong>de</strong>rmos interpretá-lo. E para começar esse diálogo é preciso relacionar a autobiografia, a<br />

autobiografia ficcional e a autoficção, fazen<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse último não um conceito <strong>de</strong>terminista<br />

para nossa análise, mas o entre-conceito que surge entre as diversas <strong>de</strong>finições como veremos<br />

adiante.<br />

Philippe Lejeune (2008), em O pacto autobiográfico, é um <strong>do</strong>s primeiros teóricos<br />

a contribuir nesse senti<strong>do</strong>, apesar <strong>de</strong> sua abordagem estruturalista, em seu artigo publica<strong>do</strong><br />

pela primeira vez em 1975, há <strong>do</strong>is conceitos que nos importam: o pacto fantasmático e o<br />

espaço autobiográfico.<br />

Seu conceito <strong>de</strong> autobigrafia retira toda e qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ficcionalização <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> escrita, po<strong>de</strong>mos perceber esse fato em sua <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> romance<br />

autobiográfico, que vem a ser a autobiografia ficcional:<br />

Chamo assim [romance autobiográfico] to<strong>do</strong>s os textos <strong>de</strong> ficção em que o leitor<br />

po<strong>de</strong> ter razões <strong>de</strong> suspeitar, a partir das semelhanças que acredita ver, que haja<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre autor e personagem, mas que o autor escolheu negar essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

ou, pelo menos, não afirmá-la. (LEJEUNE, 2008, p. 25, grifos <strong>do</strong> autor)<br />

O caso <strong>de</strong> Santiago é interessante para opor-se a essa <strong>de</strong>finição, visto que tanto em<br />

Histórias Mal Contadas como em O falso mentiroso ele assume seu nome, é claro, sempre<br />

nos <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> na in<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> si ou <strong>de</strong> mais uma criação sobre si, e mesmo assim<br />

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