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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

Rousseau chama <strong>de</strong> tirano o usurpa<strong>do</strong>r da autorida<strong>de</strong> real, e déspota o usurpa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>r soberano. Nesse senti<strong>do</strong>, Macbeth é tirano e também é déspota. Para este autor, “o<br />

tirano é aquele que se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> contra as leis a governar segun<strong>do</strong> as leis; o déspota é o que se<br />

põe acima das leis. Assim, o tirano po<strong>de</strong> não ser déspota, mas o déspota é sempre tirano.”<br />

(2002, p.42).<br />

Ao comparar Shakespeare e Maquiavel, Chaia (1995, p.181) conclui que “a tragédia<br />

política é, além <strong>de</strong>sta constante reposição <strong>de</strong> energias humanas, a certeza <strong>do</strong> inespera<strong>do</strong>, o<br />

esforço para evitar o inevitável, a busca da or<strong>de</strong>m e da harmonia, em face <strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio e<br />

<strong>do</strong> caos”. Com isso, este autor acredita que o ser humano fragmenta-se ao a<strong>de</strong>ntrar na esfera<br />

política, e, <strong>de</strong>scobre em Shakespeare características <strong>de</strong> Maquiavel, como o realismo político e<br />

a necessida<strong>de</strong> da compreensão da natureza humana para melhor enten<strong>de</strong>r a política, e acaba<br />

por expressar na literatura uma visão exagerada das tensões e para<strong>do</strong>xos <strong>do</strong>s homens<br />

dividi<strong>do</strong>s entre a moral e a política e entre a paixão, a irracionalida<strong>de</strong> e a política.<br />

Para Rousseau (2002), Maquiavel, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-se crer dar lições aos reis, acabou por<br />

auxiliar aos povos, ao lhes fornecer material bibliográfico para reflexão crítica da realida<strong>de</strong> na<br />

qual se encontravam.<br />

Rousseau, no clássico “Do Contrato Social”, ao analisar o interesse <strong>do</strong> monarca<br />

escreve que o “seu interesse pessoal está, antes <strong>de</strong> mais nada, em que o povo seja débil,<br />

miserável, e jamais lhes possa resistir.” (2002, p.35). Entretanto, ele diz confessar que, ao<br />

imaginar os vassalos da época em situação submissa, lhe parecia que o interesse <strong>do</strong>s príncipes<br />

residiria na existência <strong>de</strong> um povo po<strong>de</strong>roso, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que o tornasse temi<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus vizinhos:<br />

“[...] como, porém, tal interesse é secundário e subordina<strong>do</strong>, e as duas suposições se mostram<br />

incompatíveis, é natural que os príncipes dêem sempre preferência à sentença mais<br />

imediatamente útil para eles.” (2002, p.35).<br />

Tirania e <strong>de</strong>spotismo são características que vinculam o po<strong>de</strong>r político às<br />

representações que têm-se <strong>do</strong> mal e da malda<strong>de</strong>. Shakespeare personifica o mal em Macbeth.<br />

De acor<strong>do</strong> com Ramos:<br />

Em Macbeth, o mal está em sua natureza, e o próprio Macbeth sucumbe a esse<br />

temperamento maléfico, trazen<strong>do</strong> a malda<strong>de</strong> em si mesmo. A obra tem a fisionomia<br />

<strong>do</strong> seu herói, é obscura, sombria como a imagem da noite <strong>de</strong> tempesta<strong>de</strong> <strong>de</strong>scrita na<br />

peça. As tragédias shakespearianas remetem à violência política comum em sua<br />

época. Em Macbeth essa agressivida<strong>de</strong> fica explícita (2008, p.21).<br />

Macbeth: “Nós só talhamos a serpe, sem matá-la. Em pouco tempo se refará e volta a<br />

ser o que era fican<strong>do</strong> o nosso miserável ódio <strong>de</strong> novo exposto ao seu antigo <strong>de</strong>nte.” (2001,<br />

p.24) Ou seja, escolher por um <strong>de</strong>stes extremos (fazer o bem ou fazer o mal) requer um<br />

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