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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

Novamente Eneida Maria <strong>de</strong> Souza, nos esclarece, <strong>de</strong>sta vez ao tratar da questão<br />

<strong>do</strong> sujeito, <strong>do</strong> tempo, da escrita e da relação entre vida e ficção na literatura ao repassar sua<br />

vida acadêmica para o concurso para Professor Titular da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais, no livro Tempos <strong>de</strong> Pós-crítica (2007).<br />

Souza (2007) também vai <strong>de</strong>monstrar que é o fim das gran<strong>de</strong>s narrativas que vai<br />

trazer a tona essa nova elaboração <strong>do</strong> sujeito fragmentário, “a <strong>de</strong>sconstrução das gran<strong>de</strong>s<br />

narrativas se processa pelo recorte das margens e a entrada pela porta <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s” (SOUZA,<br />

2007 p. 23), e a <strong>de</strong>sconstrução permitiu esse processo, on<strong>de</strong> nas “margens” e pelos “fun<strong>do</strong>s” o<br />

sujeito se <strong>de</strong>monstra. E a forma como o tempo se manifestas nos pequenos relatos e sua<br />

relação com o relato da vida é <strong>de</strong>terminante:<br />

[...] A reescrita <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> resgata no presente essa dimensão, ao recompor e refazer<br />

tramas, sem qualquer intenção <strong>de</strong> reconstituição <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s ou da ilusória<br />

autenticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um relato <strong>de</strong> vida. O sujeito, enquanto efeito <strong>de</strong> dispositivo<br />

representativo, <strong>de</strong>saparece também na representação, ven<strong>do</strong>-se impossibilita<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ser recupera<strong>do</strong> ou restaura<strong>do</strong> como memória e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s uniformes. (SOUZA,<br />

2007, p. 29)<br />

A falta <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> uniforme é sua fragmentação, sua impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resgatar<br />

uma memória clássica, on<strong>de</strong> o passa<strong>do</strong> é o que se manifesta em seu relato. Temos o que vimos<br />

em Genet, uma elaboração <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> pelo que somos hoje. “[...] A escrita, espaço em que a<br />

combinação das cores somente se atualiza no momento <strong>de</strong> seu fazer, revive e apaga,<br />

simultaneamente, os traços <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> texto” (SOUZA, 2007, p. 40), o sujeito é esse traço, às<br />

vezes presente, às vezes ausente, fantasmático, como para Lejeune, ou espectral, para Derrida.<br />

Essa recomposição <strong>do</strong> sujeito pela ficção é <strong>de</strong>monstrada por ela também como a performance:<br />

A intenção <strong>de</strong> tornar menos rígida, nos meus ensaios mais recentes, a barreira entre a<br />

ficção e a vida, ou entre a teoria e a ficção, não preten<strong>de</strong> naturalizar diferenças,<br />

tampouco <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o retorno à analogia entre discursos. Reforça-se, ao contrário, o<br />

grau <strong>de</strong> encenação e dramaticida<strong>de</strong> que constrói o cenário textual da obra assim<br />

como da existência [...]. (SOUZA, 2007, p. 110)<br />

Como em Derrida, como veremos adiante, Souza vê: “[...] a indiferença e a apatia <strong>do</strong><br />

sujeito pós-mo<strong>de</strong>rno, contamina<strong>do</strong> pelo sentimento <strong>de</strong> déja vu: o presente instantâneo se<br />

configura como lembrança, sen<strong>do</strong> evoca<strong>do</strong> ao mesmo tempo <strong>de</strong> sua realização [...]” (SOUZA,<br />

2007, p. 145), não há mais passa<strong>do</strong>, mas esse presente instantâneo, ou uma presença <strong>do</strong><br />

presente.<br />

Eveline Hoisel, em seu artigo Silviano Santiago e seus múltiplos, no livro<br />

Leituras críticas sobre Silviano Santiago (2008) organiza<strong>do</strong>r por Eneida Leal Cunha, vai nos<br />

mostrar que a multiplicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito Silviano Santiago é construída pela relação entre<br />

verda<strong>de</strong> e mentira. Ela trata Santiago não como um autor, nem como escritor, como Souza o<br />

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