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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

bem-sucedi<strong>do</strong>s abrissem uma loja <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s e armarinho e, parentes e conterrâneos<br />

emigrassem para o país, atraí<strong>do</strong>s pelo crescimento <strong>do</strong>s negócios. “Do varejo, sírios e libaneses<br />

partiram para o comércio atacadista e posteriormente para a indústria têxtil.” (LAMARÃO<br />

apud OLIVEIRA, 2004, p.179-182)<br />

O que se vê no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> é uma trajetória idêntica: após<br />

mascatearem pelo interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> – naquela época, ainda nomea<strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> –<br />

ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> toda espécie <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong>, os imigrantes libaneses chegaram a<br />

Campo Gran<strong>de</strong>, on<strong>de</strong>, <strong>de</strong> “Mascates mágicos / Que vendiam em cada peça <strong>de</strong> seda / um sonho<br />

<strong>de</strong> odalisca e <strong>de</strong> sultão”, fundaram suas próprias lojas. Surgiram, assim, os centros comerciais<br />

como os da Rua 14 <strong>de</strong> Julho e da Avenida Calógeras, conforme assegura Fábio Trad (1999).<br />

Por meio <strong>do</strong>s imigrantes, a tradição comercial, responsável por um porcentual<br />

consi<strong>de</strong>rável da economia <strong>do</strong> Líbano, é assimilada por Campo Gran<strong>de</strong>. Atualmente, a cida<strong>de</strong>,<br />

preenchida por lojas, testemunha que as contribuições <strong>do</strong>s libaneses ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

comércio local ainda sobrevivem, firmes e impávidas. Em muitas das famílias libanesas, a<br />

prosperida<strong>de</strong> obtida com o comércio possibilitou aos pais provi<strong>de</strong>nciar estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

aos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, que se tornaram médicos, advoga<strong>do</strong>s, engenheiros, políticos <strong>de</strong> renome.<br />

Um exemplo notável pô<strong>de</strong> ser constata<strong>do</strong> na última eleição para a prefeitura <strong>de</strong> Campo<br />

Gran<strong>de</strong>, cuja vitória foi obtida pelo médico Nélson Trad Filho, filho <strong>do</strong> <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral<br />

Nélson Trad, ambos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s libaneses que emigraram para a capital <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Sul</strong>.<br />

Na última estrofe <strong>do</strong> poema, averiguamos o eu-lírico relatan<strong>do</strong> que “no meio<br />

<strong>do</strong>s libaneses”, isto é, na Rua 14 <strong>de</strong> Julho, ficava a residência on<strong>de</strong> morou durante a infância.<br />

Observamos que o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>sses versos contém as penetrações biográficas <strong>de</strong> Naveira,<br />

conforme testemunhou Arlinda Cantero Dorsa (2001, p.43): “Foi na rua 14 <strong>de</strong> julho, rua da<br />

infância <strong>de</strong> Raquel Naveira que eles [os imigrantes libaneses] e a poetisa se cruzaram ... para<br />

sempre.”<br />

A presença das vertentes culturais em Sob os cedros <strong>do</strong> Senhor (1994) não<br />

po<strong>de</strong> ser ignorada, pois segun<strong>do</strong> Josenia Chisini (2004, p.176), nesta obra “comparece a força<br />

étnica conjugada por manifestações transculturais”, na qual “a construção narrativa <strong>de</strong>monstra<br />

várias facetas culturais, formas híbridas <strong>de</strong> aculturamento, empréstimos e trocas entre os<br />

costumes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem portuguesa e as tradições árabes e armênias.” Dentre as<br />

“manifestações transculturais” verificadas na coletânea <strong>de</strong> Naveira, preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar a<br />

aculturação que ocorre no poema “Camisaria”:<br />

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