Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />
livros impressos, permitin<strong>do</strong> o acesso <strong>do</strong> público à obra, e, consequentemente, consolida-se o<br />
vínculo com o escritor. Com isso, aparecem idéias diferentes sobre o que se ler e <strong>de</strong>spontam<br />
vários grupos para discutir literatura no Brasil. Eis que nasce a crítica literária brasileira. A<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>screver, interpretar, avaliar, apreciar e julgar uma obra literária fez com<br />
que surgisse uma crítica no Brasil capaz <strong>de</strong> ressaltar aspectos próprios da literatura brasileira<br />
não mais pauta<strong>do</strong>s nos parâmetros <strong>do</strong>s padrões europeus, segui<strong>do</strong>s até então.<br />
O Romantismo não tinha um aspecto uniforme, como nos mostram os manuais<br />
didáticos para o ensino da literatura canônica nas escolas, mas sim uma gama <strong>de</strong> diferentes<br />
opiniões sobre os textos literários produzi<strong>do</strong>s sob influência <strong>de</strong> diferentes abordagens sen<strong>do</strong><br />
feitas sobre os mesmos temas. Era nesse momento que a ebulição das novas idéias<br />
impulsionava a produção literária brasileira. Entre os diversos grupos que se manifestaram,<br />
<strong>de</strong>stacamos: fluminense: presença <strong>de</strong> Gonçalves e Varnhagem, apresentan<strong>do</strong> idéias<br />
passadistas e ecléticas; o paulista: Justiniano José da Rocha e Antonio Augusto Queiroga,<br />
<strong>de</strong>fendiam teses americanistas; o maranhense: João Francisco Lisboa e Sotero <strong>do</strong>s Reis<br />
personalida<strong>de</strong>s representantes <strong>de</strong> filosofias liberais no espírito e ilustradas na cultura e o<br />
pernambucano: Abreu e Lima e Pedro Figueire<strong>do</strong> discutin<strong>do</strong> a luta i<strong>de</strong>ológica e o<br />
progressismo liberal romântico.<br />
Com o disseminar <strong>do</strong> i<strong>de</strong>ário liberal, surge, aos poucos, o Realismo (segunda meta<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> século XIX). As idéias filosóficas <strong>de</strong> Hegel, Engels e Marx, com vertentes socialistas,<br />
eram disseminadas por meio <strong>do</strong>s textos literários. A crítica literária brasileira volta-se,<br />
mediante pesquisas, para <strong>de</strong>linear o que se tem <strong>de</strong> melhor na literatura construída na época. É<br />
o caso, por exemplo, <strong>de</strong> Silvio Romero, que enfatizou a cultura e ao folclore <strong>do</strong> povo<br />
brasileiro, Araripe Jr, que expôs em quais aspectos artísticos a literatura <strong>de</strong>via caminhar, e<br />
José Veríssimo, que valorizou o estilo elegante e os enre<strong>do</strong>s bem construí<strong>do</strong>s nas narrativas.<br />
Outros ainda combatiam as idéias correntes <strong>do</strong> Romantismo sobre o nacionalismo, ressaltan<strong>do</strong><br />
a figura <strong>do</strong> homem tropical com características como a in<strong>do</strong>lência e exaltação imprópria,<br />
maculan<strong>do</strong> assim a imagem <strong>do</strong> homem brasileiro. Também o evolucionismo <strong>de</strong> Darwin<br />
começa a ser divulga<strong>do</strong> aqui.<br />
Os simbolistas marcaram presença na literatura mundial por ter uma verda<strong>de</strong>ira paixão<br />
pelo senso estético entre o final <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> século XX. Através <strong>de</strong> sua estética<br />
e idéias tentavam unir a parte com o to<strong>do</strong> universal, dan<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> ao belo, ao bem e ao<br />
sagra<strong>do</strong>. No Brasil, tivemos o maior representante <strong>de</strong>ste movimento: Cruz e Souza. Segun<strong>do</strong><br />
Bosi (1986, p. 332), “[...] a crítica oficial <strong>do</strong>s fins <strong>do</strong> século XIX, representada pela tría<strong>de</strong><br />
88