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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

sen<strong>do</strong> o novo texto, é ainda o texto anterior”. (CARVALHAL, 2003, p.227)<br />

A tradução, que não mais é, grosso mo<strong>do</strong>, <strong>do</strong> que uma prática das diferenças entre<br />

línguas, entre povos e entre culturas, po<strong>de</strong> ser comparada à <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>rridaiana, na<br />

medida em que ambas tratam da questão diferencial que se impõe na significação (tradutória).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, vale a pena transcrever uma passagem <strong>de</strong> Derrida, <strong>do</strong> texto “Carta a um amigo<br />

japonês”, no qual o filósofo propõe explicar ao amigo as impossibilida<strong>de</strong>s da tradução mesma<br />

da palavra <strong>de</strong>sconstrução. O interessante é que ao fazer isso, Derrida vincula para sempre a<br />

palavra <strong>de</strong>sconstrução à palavra tradução:<br />

Então, a questão seria: o que a <strong>de</strong>sconstrução não é? ou, melhor dizen<strong>do</strong>, o que<br />

<strong>de</strong>veria não ser? Sublinho essas palavras (“possível” e “<strong>de</strong>veria”). Pois se po<strong>de</strong>mos<br />

antecipar as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tradução (e a questão da <strong>de</strong>sconstrução é também <strong>de</strong> um<br />

la<strong>do</strong> a outro a questão da tradução e da língua <strong>do</strong>s conceitos, <strong>do</strong> corpus conceitual da<br />

metafísica dita “oci<strong>de</strong>ntal”), não <strong>de</strong>veria começar por acreditar, o que seria ingênuo,<br />

que a palavra “<strong>de</strong>sconstrução” é a<strong>de</strong>quada, em francês, a alguma significação clara e<br />

unívoca (apud Ottoni, 2005, p. 11-12).<br />

Com base no que afirma Derrida, Ottoni observa que “a tradução e a<br />

<strong>de</strong>sconstrução caminham juntas e se (con)fun<strong>de</strong>m em alguns momentos para revelar o<br />

mistério da significação, e, se levarmos ao extremo, po<strong>de</strong>mos fazer <strong>de</strong> uma o sinônimo da<br />

outra” (Ottoni, 2005, p.12). Ou seja, ao falar ao amigo da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se traduzir a<br />

palavra <strong>de</strong>sconstrução e ao mesmo tempo traduzin<strong>do</strong>-a, Derrida mostra como uma palavra é<br />

substituível por outra numa mesma língua ou entre uma língua e outra, numa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

substituições evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> e pratican<strong>do</strong> a diferença. (Cf. Ottoni, 2005, p. 12).<br />

São inquestionáveis as semelhanças ente A ren<strong>de</strong>ira (1975) e A hora da estrela (1977),<br />

mas o que nos chama mais a atenção são as formas similares existentes entre as protagonistas<br />

das histórias: Pomme, <strong>de</strong> A ren<strong>de</strong>ira, Macabéa, <strong>de</strong> A hora da estrela. Como acontece no<br />

<strong>de</strong>correr da narrativa <strong>de</strong> A ren<strong>de</strong>ira (1975), on<strong>de</strong> Pomme se apaixona por um estudante <strong>de</strong><br />

Letras, Aimery, que será seu namora<strong>do</strong> por toda a narrativa. Apesar <strong>de</strong> perceber em Pomme<br />

certa sensibilida<strong>de</strong>, que Olímpico, namora<strong>do</strong> <strong>de</strong> Macabéa, <strong>de</strong> A hora da estrela (1977), não<br />

sentia na jovem alagoana, havia algo in<strong>de</strong>cifrável que irritava profundamente ambos os<br />

namora<strong>do</strong>s e os narra<strong>do</strong>res das histórias. Aimery brigava com Pomme, por ela não exigir nada<br />

<strong>de</strong>le, e também por não dar o valor que o namora<strong>do</strong> queria receber. O que confundia o jovem<br />

era a dureza com que Pomme se comportava, ora ela queria jantar com o namora<strong>do</strong> e ao<br />

mesmo tempo não estava com vonta<strong>de</strong> comer nada. Esse aborrecimento <strong>de</strong> Aimery que o<br />

narra<strong>do</strong>r nos relata nesta passagem: “Acendia um Gitane com filtro. Agora, evitava passar<br />

com ela longos momentos <strong>de</strong> lazer, por causa <strong>de</strong>sses silêncios, <strong>de</strong>la, <strong>de</strong>le, e <strong>de</strong>la ainda”.<br />

(LAINÉ, 1975, p. 88 – 89).<br />

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