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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

Quase que simultaneamente à produção <strong>do</strong> poema por meio da elaboração<br />

artística <strong>do</strong>s fragmentos da memória da escritora, ocorre a propulsão das vertentes culturais no<br />

texto. A composição poemática recupera a trajetória da família armênia Chinzarian em <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, no que tange ao aculturamento sofri<strong>do</strong> pela mesma em virtu<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s<br />

comerciais <strong>de</strong>senvolvidas na Loja Roche<strong>do</strong>. Explican<strong>do</strong> melhor: Sônia, a menina armênia <strong>de</strong><br />

cabelos vermelhos como cascata <strong>de</strong> fogo, é <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Arthur João Chinzarian, que<br />

emigrou para o Brasil em 1911 fugin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vários massacres impostos pelo Império Turco-<br />

Otomano aos armênios como conseqüência da sua recusa em a<strong>do</strong>tar o islamismo 27 .<br />

Desembarcan<strong>do</strong> em Campo Gran<strong>de</strong> em 1945, a família Chinzarian monta a<br />

Funilaria Roche<strong>do</strong>, na Rua Dom Aquino, entre a Rua 14 <strong>de</strong> Julho e a Avenida Calógeras, ao<br />

la<strong>do</strong> <strong>do</strong> antigo Cine Santa Helena. O trabalho árduo e intenso na confecção <strong>de</strong> calhas e<br />

canaletas possibilitou à família inaugurar em 1947, na Rua 14 <strong>de</strong> Julho, a Casa Roche<strong>do</strong>,<br />

especializada em alumínios, louças e artigos para presente. A prosperida<strong>de</strong> alcançada nesse<br />

comércio proporcionou ao casal Muxeque e Maria Arakelian financiar a educação <strong>de</strong> seus<br />

filhos: Arthur tornou-se engenheiro civil e Sônia, que atualmente resi<strong>de</strong> em São Paulo,<br />

arquiteta 28 .<br />

Concluin<strong>do</strong>, pon<strong>de</strong>ramos que as vertentes culturais presentes em Sob os cedros<br />

<strong>do</strong> Senhor (1994) têm suas origens relacionadas à memória <strong>de</strong> Naveira, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> emergem as<br />

lembranças que serão lapidadas até se tornarem poesia confessional. Esta poética confessional<br />

busca recuperar, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> simultâneo, o lega<strong>do</strong> multicultural forneci<strong>do</strong> pelos imigrantes<br />

árabes e armênios ao <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> – principalmente à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> – e<br />

parte da infância da escritora, conforme procuramos <strong>de</strong>monstrar por meio <strong>de</strong> nossas<br />

exposições.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ACULTURAÇÃO. In: BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da língua<br />

portuguesa. 11. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fundação <strong>de</strong> Assistência ao Estudante, 1986. p. 46. 1263<br />

p.<br />

CANDIDO, Antonio. Crítica e sociologia. In: __________________. Literatura e socieda<strong>de</strong>:<br />

estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> teoria e história literária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1965. cap. 1, p.<br />

1-9. 230 p. (Coleção Ensaio, 3).<br />

27 A violenta perseguição religiosa empreendida pelo Império Turco-Otomano aos armênios abrange,<br />

aproximadamente, <strong>do</strong> século XIX até 1915, quan<strong>do</strong> o governo turco resolve <strong>de</strong>portar a população armênia (cerca<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>is milhões <strong>de</strong> pessoas) para a Síria e a Mesopotâmia (atual Iraque). Essa <strong>de</strong>portação fica conhecida como<br />

“genocídio armênio” por provocar centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> mortes. (CHINZARIAN, 1999, p. 327)<br />

28 CHINZARIAN, 1999, p. 328-329.<br />

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