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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

per<strong>de</strong>m sem virem a a<strong>do</strong>ecer.” (2001, p.38) Quan<strong>do</strong> não se po<strong>de</strong> mais agir tradicionalmente,<br />

mecanicamente, automaticamente; o pensamento é chama<strong>do</strong> a participar.<br />

O diálogo sem som, isto é, a reflexão, <strong>de</strong>verá recompor a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s indivíduos, <strong>de</strong><br />

um povo, <strong>de</strong> uma nação, <strong>de</strong> várias nações. Ao vincular-se política com arte, além da técnica<br />

pura e simples, po<strong>de</strong>-se dizer que:<br />

A política traduz-se em arte quan<strong>do</strong> o príncipe, agin<strong>do</strong> pelo livre arbítrio, faz com<br />

que a virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>me a fortuna, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> racionalmente os fatos circundantes, ou<br />

quan<strong>do</strong> uma cida<strong>de</strong> produz boas leis, baseadas nos bons costumes e nos canais<br />

institucionais para participação <strong>do</strong>s cidadãos, tornan<strong>do</strong> então possível a fundação <strong>de</strong><br />

um governo republicano. Tanto para o indivíduo (virtuoso) quanto para o povo<br />

(sábio), a política é, metaforicamente, uma arte <strong>de</strong> homens em liberda<strong>de</strong>, exatamente<br />

pelo esforço e pelo conhecimento exigi<strong>do</strong>s para regrar ações, gerir Esta<strong>do</strong>s e<br />

aperfeiçoar a socieda<strong>de</strong> contra as armadilhas e dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>stino - e na política<br />

elas são intermináveis. (CHAIA, 1995, p.178).<br />

Estabelecer regras comuns e contribuir para o exercício <strong>de</strong>stas são tarefas to<strong>do</strong>s os<br />

indivíduos que compõem uma nação, to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser seres políticos. É preciso para isso<br />

aperfeiçoar o julgamento confrontan<strong>do</strong>-o entre os <strong>de</strong>mais membros <strong>do</strong> cenário social. Weber e<br />

Arendt, apesar <strong>de</strong> terem pensamentos antagônicos em sua origem, Weber parte da idéia <strong>de</strong><br />

que o ser humano cotidianamente é capaz <strong>de</strong> praticar um mal pensa<strong>do</strong> e Arendt acredita que a<br />

maior parte <strong>do</strong> mal é gera<strong>do</strong> pela falta <strong>de</strong> reflexão sobre a realida<strong>de</strong> em que o ser se insere,<br />

vêem como um avanço <strong>do</strong> pensar a construção coletiva da racionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> julgamento.<br />

Arendt explicita que “o juízo nada mais é que o pensamento em sua origem<br />

fenomenal, compreendida como a raiz empírica, particular e contingente da experiência em<br />

que temos acesso ao mo<strong>do</strong> transcen<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> abertura <strong>do</strong> espírito ao mun<strong>do</strong>.” (1993, p.28).<br />

Neste senti<strong>do</strong>, pensar e trocar pensamentos em coletivo é condição humana primordial para<br />

quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> “fazer política” e fazê-la <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> oposto ao exposto em Macbeth.<br />

Neste cenário <strong>de</strong> diluição <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r tirânico, o personagem shakespeariano Caithness,<br />

ao referir-se ao tirano Macbeth, diz: “Mas certo é que ele sua natureza <strong>de</strong>smanchada abarcar<br />

já não consegue no cinturão da regra.” (2001, p.42) Macbeth exerceu o po<strong>de</strong>r tradicional <strong>de</strong><br />

que fala Weber (2005), legitima<strong>do</strong> pela sucessão da coroa real, e, apesar <strong>de</strong> para isso ter<br />

cometi<strong>do</strong> atos violentos e maléficos, foi um rei legítimo, mas não foi um reina<strong>do</strong> dura<strong>do</strong>uro,<br />

pois ele não obteve um po<strong>de</strong>r carismático (WEBER, 2005) que o propiciaria ter mais amigos<br />

que inimigos, e, com isso, certa estabilida<strong>de</strong> no trono real. Em sua maturida<strong>de</strong> dramática,<br />

Shakespeare construiu um monarca homicida que representa o mal também existente na<br />

pretensa neutralida<strong>de</strong> divulgada <strong>de</strong> burocratas corruptos que hoje ocupam altos escalões <strong>de</strong><br />

nossas nações e organizações internacionais.<br />

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