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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

Remington <strong>de</strong> Prosa em 1977; Ma<strong>do</strong>na <strong>do</strong>s Páramos (1982) – Romance – Prêmio Nacional<br />

da Fundação Cultural <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral em 1981; Último horizonte (1988) – Romance; A<br />

chave <strong>do</strong> abismo (1989) – Romance; Cerimônias <strong>do</strong> esquecimento (1995) – Romance –<br />

Prêmio da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras; Conjunctio Oppositorum no Gran<strong>de</strong> Sertão (1999)<br />

– Dissertação <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> em Filosofia na UFRJ; Rio abaixo <strong>do</strong>s vaqueiros (2000) –<br />

Romance; O salário <strong>do</strong>s poetas (2001) – Romance; Toada <strong>do</strong> esqueci<strong>do</strong> & Sinfonia Eqüestre<br />

(2006) – Conto.<br />

Observe-se que houve um reconhecimento <strong>de</strong> valor cultural e estético em sua obra, no<br />

entanto o escritor não foi agracia<strong>do</strong> com seu nome na lista <strong>do</strong>s cânones <strong>de</strong> nossa literatura.<br />

Não é para menos que, em nosso país, poucos o conhecem, sen<strong>do</strong> que a instituição escola que<br />

seria a responsável por divulgar seus escritos ainda não fez seus papel <strong>de</strong> divulga<strong>do</strong>ra oficial<br />

<strong>de</strong> seus textos.<br />

4.1 As obras literárias <strong>de</strong> Dicke: um lega<strong>do</strong> para <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> e para o mun<strong>do</strong>.<br />

Magalhães (2001, p. 205) refere-se aos textos <strong>de</strong> Dicke da seguinte forma: “Em seus<br />

textos, céu e inferno se confun<strong>de</strong>m, fazen<strong>do</strong> emergir um perturba<strong>do</strong> país transgressor para<br />

eleger o monstruoso como forma <strong>de</strong> vida”. Este aspecto filosófico sobre a forma <strong>de</strong> narrar <strong>do</strong><br />

escritor faz com que nos voltemos para os problemas enfrenta<strong>do</strong>s pelas personagens <strong>de</strong> seus<br />

livros, que, geralmente, se encontram em situações conflitantes entre o que é real e o que é<br />

imaginário. Certa áurea <strong>de</strong> mistério as envolve como envolve a própria vida <strong>do</strong> escritor.<br />

As personagens dickeanas fazem parte <strong>de</strong> <strong>do</strong>is universos distintos ocupan<strong>do</strong> o mesmo<br />

espaço, mas se referem a um tempo em que presente/passa<strong>do</strong>/futuro fun<strong>de</strong>m-se e se<br />

completam. Magalhães (2001, p. 208), afirma que as personagens criadas por Dicke são “[...]<br />

sobreviventes <strong>do</strong> Sistema ou <strong>de</strong> si próprios, transitam entre o divino e o selvagem, o real e o<br />

surreal, sufoca<strong>do</strong>s pelo peso da existência”. O “Sistema”, cita<strong>do</strong> por Hilda Magalhães, po<strong>de</strong><br />

muito bem ser entendi<strong>do</strong> como aquele imposto ao povo <strong>do</strong> sertão pelo po<strong>de</strong>r agrário, em que<br />

os latifundiários <strong>do</strong>minam os trabalha<strong>do</strong>res, subjugam as mulheres aos seus <strong>de</strong>sejos e coagem<br />

as crianças. No final, to<strong>do</strong>s são oprimi<strong>do</strong>s pela violência.<br />

Ainda temos a questão <strong>do</strong> misticismo presente na obra <strong>de</strong> Dicke. Herança da migração<br />

<strong>de</strong> diferentes povos, <strong>de</strong> várias regiões para o sertão, culturas <strong>de</strong> diferentes tradições se<br />

misturam, o sagra<strong>do</strong> e o profano num fluxo contínuo, fican<strong>do</strong> assim a povoar o imaginário <strong>de</strong><br />

personagens que representam gente simples com seus sonhos, indagações e lutas.<br />

A linguagem utilizada nos livros <strong>de</strong> Dicke é <strong>de</strong>nsa, forte, quase agressiva. Impõe-se ao<br />

leitor, fazen<strong>do</strong> com que não consiga se dispersar enquanto lê. Tomemos como exemplo o<br />

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