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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

Sen<strong>do</strong> que, na literatura, temos <strong>de</strong>corrências tanto na estética <strong>do</strong>s romances como no<br />

<strong>de</strong>sempenho social que as obras perfazem em relação à socieda<strong>de</strong>. Em que po<strong>de</strong>mos observar:<br />

As representações mentais envolvem atos <strong>de</strong> apreciação, conhecimento e<br />

reconhecimento e constituem um campo on<strong>de</strong> os agentes sociais investem seus<br />

interesses e a sua bagagem cultural. No <strong>do</strong>mínio da representação, as coisas ditas,<br />

pensadas e expressas tem outro senti<strong>do</strong> além daquele manifesto. (BOURDIEU apud<br />

PESAVENTO, 2005, p. 15)<br />

Já Goldmann, <strong>de</strong>clara que a maior dificulda<strong>de</strong> acerca da obra literária é explicitar o<br />

que o autor <strong>de</strong>ixa na subjetivida<strong>de</strong> em que “os valores autênticos, tema permanente <strong>de</strong><br />

discussão, não se apresentam na obra sob a forma <strong>de</strong> personagens conscientes ou <strong>de</strong><br />

realida<strong>de</strong>s concretas” (GOLDMANN, 1976, p. 14). Dessa maneira, Pesavento sugere o<br />

trabalho com a linguagem, pois o imaginário é sempre representação e não existe sem<br />

interpretação “o imaginário enuncia, se reporta e evoca outra coisa não explícita e não<br />

presente” (PESAVENTO,1995, p.15). Sen<strong>do</strong> assim, as narrativas não são pretexto para este<br />

trabalho, mas sim, as representações das crianças existentes nas obras, fazen<strong>do</strong> uma relação<br />

das suas vozes com relação da história no Brasil. De acor<strong>do</strong> com Gouvea:<br />

Trabalhar com textos literários significa ter sempre em mente a originalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />

produção discursiva. A análise <strong>do</strong> texto literário na investigação histórica remetenos<br />

inicialmente a interrogarmo-nos sobre as estratégias e limites <strong>de</strong>ssa<br />

interpretação. A matéria prima <strong>do</strong> texto literário são os signos, e é na flui<strong>de</strong>z e no<br />

<strong>de</strong>slizamento característico da produção semiótica que essa escrita se localiza e se<br />

locomove. Na produção literária, os signos constituem-se como representações. A<br />

literatura, entendida como prática simbólica, configura-se como a formulação <strong>de</strong><br />

uma outra realida<strong>de</strong> que, embora tenha como referente constante o real no qual o<br />

autor e leitor se inserem, guarda com a realida<strong>de</strong> a relação não <strong>de</strong> transparência, mas<br />

<strong>de</strong> opacida<strong>de</strong> própria da reconstrução. O conceito <strong>de</strong> representação significa<br />

consi<strong>de</strong>rar que o autor não reproduz o real, mas o reconstrói, ten<strong>do</strong> como matériaprima<br />

os signos. No momento <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> texto, traz para a escrita a sua<br />

compreensão <strong>do</strong> real, bem como o projeto <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> pretendida. Ele representa,<br />

portanto, a realida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> a linguagem literária como signo. (GOUVEA, 2002, p.<br />

23)<br />

As obras, Infância e Menino <strong>de</strong> Engenho contextualizam, <strong>de</strong> forma eficiente, um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> histórico. Apesar das obras literárias configurarem, sobretu<strong>do</strong>, uma<br />

história <strong>de</strong> uma classe social abastada, compreen<strong>de</strong>-se que, na tessitura <strong>do</strong> texto, em que há o<br />

diálogo <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r com o leitor, é possível perceber através das lembranças apresentadas por<br />

Graciliano Ramos e José Lins <strong>do</strong> Rego, a evidência <strong>de</strong> um questionamento, tanto consciente<br />

como inconsciente, das situações culturais e sociais ocorridas no <strong>de</strong>correr da história. Tal<br />

artifício permite comprovar, simultaneamente, o cotidiano da criança nor<strong>de</strong>stina e as suas<br />

representações.<br />

3. A INFÂNCIA SOBRE A REPRESENTAÇÃO DE GRACILIANO RAMOS E JOSÉ<br />

LINS DO REGO<br />

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