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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

surgin<strong>do</strong> novos alinhamentos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> fronteiras, nações e essências, e que são<br />

“esses novos alinhamentos que agora provocam e contestam a noção fundamental estática <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que constituiu o núcleo <strong>do</strong> pensamento cultural na era <strong>do</strong> imperialismo”. (SAID,<br />

1995, p. 26-27)<br />

“Somos her<strong>de</strong>iros <strong>do</strong> estilo segun<strong>do</strong> o qual o indivíduo é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pela nação” ainda<br />

nos diz Said, e isto ocorre porque “as nações inspiram amor [...], um amor profundamente<br />

abnega<strong>do</strong>”. (ANDERSON, 1989, 156-7). Conforme, Bendict An<strong>de</strong>rson, por parecer natural –<br />

como a cor da pele, o sexo, à ascendência e a época em que se nasce – nascer em uma nação<br />

também seria uma espécie <strong>de</strong> “coisa que não se po<strong>de</strong> evitar”. E esses vínculos que não são<br />

escolhi<strong>do</strong>s têm à volta um halo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprendimento e exatamente por isso a nação po<strong>de</strong> exigir<br />

sacrifícios.<br />

Entretanto, assim como muitos nomes participaram <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> construção das<br />

nações e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s nacionais, outros haviam percebi<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>r que esta construção<br />

exerce sobre os indivíduos e engendraram alguma espécie <strong>de</strong> resistência cultural. Como já<br />

dissemos anteriormente, a nossa hipótese é que Lima Barreto participou ativamente <strong>de</strong>sta<br />

resistência.<br />

2. A LUTA PELA GEOGRAFIA EM LIMA BARRETO<br />

"Não sen<strong>do</strong> patriota, queren<strong>do</strong> mesmo o enfraquecimento <strong>do</strong><br />

sentimento <strong>de</strong> pátria, sentimento exclusivista e mesmo<br />

agressivo, para permitir o fortalecimento <strong>de</strong> um maior, que<br />

abrangesse, com a terra, toda a espécie humana(...)" (Lima<br />

Barreto – Bagatelas - São capazes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>..., p. 152)<br />

“Hoje em dia ninguém é um coisa só”, escreve Edward Said próximo ao fim <strong>do</strong> livro<br />

‘Cultura e Imperialismo’. Esta simples sentença, se consi<strong>de</strong>rada, nos impediria <strong>de</strong> atribuir<br />

valores reducionistas aos outros diferentes <strong>de</strong> nós, ou seja, nos libertaria <strong>do</strong> preconceito e nos<br />

permitiria alçar o primeiro passo em busca da concretização <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> Lima Barreto –<br />

fortalecer, através da união, toda a espécie humana.<br />

Resumidamente, o preconceito, como o próprio nome diz, é um conceito que se<br />

antecipa, prematuro, e como existem diversos tipos – contra o negro, o homossexual, a mulher<br />

e etc. – ele acaba revelan<strong>do</strong> não o alvo <strong>do</strong> preconceito (que cala, ou melhor, é cala<strong>do</strong>), mas<br />

sim o preconceituoso (o que fala autoritariamente pelo outro, no lugar <strong>de</strong>le). A estereotipia é<br />

uma conseqüência <strong>do</strong> preconceito, e se dá quan<strong>do</strong> este passa da esfera individual e torna-se<br />

um produto cultural, matan<strong>do</strong> o outro simbolicamente, porque justamente nega o jogo da<br />

diferença. (CROCHICK, 1997). Foi através <strong>do</strong> pensamento preconceituoso que as teorias<br />

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