13.05.2013 Views

Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

3. A RACIONALIDADE DO JULGAMENTO E O FAZER POLÍTICA:<br />

NEUTRALIDADE?<br />

A personagem Lady Macduff, em certo momento da peça diz: “O me<strong>do</strong> é tu<strong>do</strong>, nada o<br />

amor, e a prudência é coisa alguma numa fuga assim fora <strong>de</strong> propósito.” (2001, p.34) É<br />

possível fazer política sen<strong>do</strong> orienta<strong>do</strong> pelo bem? Atos bons são realmente bons, ou utilizam-<br />

se <strong>de</strong>sta roupagem para mascarar a racionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> julgamento, a prudência <strong>de</strong>rivativa <strong>do</strong><br />

me<strong>do</strong> da opinião pública ou das consequências quaisquer que incidam no plano pessoal<br />

daquele que atua no cenário político?<br />

Para Weber (1967), a neutralida<strong>de</strong> técnica auxilia na organização da <strong>do</strong>minação <strong>de</strong> um<br />

Esta<strong>do</strong> e é essencial para governar imensas massas. Ele revela que os diplomatas surgiram<br />

como conselheiros especializa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s príncipes, sen<strong>do</strong> arte cultivada no fazer política para<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r interesses, e, não para unir povos, isto é, fazer o “bem” em si mesmo. “A<br />

jurisprudência romana é o produto <strong>de</strong> uma estrutura política que surge da cida<strong>de</strong>-esta<strong>do</strong> para<br />

alcançar <strong>do</strong>mínio mundial” (1967, p.66).<br />

O personagem Ross, ao fazer uma conjuntura da política vigente (na peça <strong>de</strong><br />

Shakespeare) diz: “Pobre pátria, revela me<strong>do</strong> até <strong>de</strong> conhecer-se. De nossa mãe não po<strong>de</strong> ser<br />

chamada, mas nossa sepultura, porque nela só ri ainda quem ignora tu<strong>do</strong>; os gritos e suspiros,<br />

os gemi<strong>do</strong>s que os ares dilaceram, emiti<strong>do</strong>s apenas são sem serem percebi<strong>do</strong>s.” (2001, p.38)<br />

Ter a consciência <strong>do</strong>s acontecimentos vigentes, pensar sobre eles, julgar estes particulares não<br />

apenas por regras gerais <strong>de</strong>sgastadas pelo hábito, mas iluminá-los no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Kant seria por<br />

<strong>de</strong>mais <strong>do</strong>loroso para indivíduos não acostuma<strong>do</strong>s a refletir sobre o “fazer política” e<br />

participação real na esfera política. Kant expõe que:<br />

To<strong>do</strong>s os juízos são funções da unida<strong>de</strong> entre as nossas representações, que, em<br />

lugar <strong>de</strong> uma representação imediata, substitui outra mais elevada que compreen<strong>de</strong><br />

em seu seio a esta e outras muitas e que serve para o conhecimento <strong>do</strong> objeto<br />

reunin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong> muitos conhecimentos possíveis em um só. Mas po<strong>de</strong>mos<br />

reduzir todas as operações <strong>do</strong> entendimento a juízos; <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que o entendimento<br />

em geral po<strong>de</strong> ser representa<strong>do</strong> como a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> julgar. Porque, segun<strong>do</strong> o que<br />

prece<strong>de</strong>, é uma faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar (2001, p.39).<br />

Assim, a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> julgar, <strong>de</strong> pensar é crucial no fazer política. De acor<strong>do</strong> com<br />

Arendt (1993), o pensamento não cria valores, nem resultará na <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> que é<br />

o bem. A importância política e moral <strong>do</strong> pensamento emerge nos momentos históricos <strong>de</strong><br />

crise, <strong>de</strong> transição. Momentos como o que o personagem Ross <strong>de</strong> Shakespeare evi<strong>de</strong>ncia: “As<br />

mais violentas <strong>do</strong>res assemelham-se a emoção cotidiana; os <strong>do</strong>bres fúnebres passam<br />

<strong>de</strong>spercebi<strong>do</strong>s e as pessoas <strong>de</strong> bem fenecem antes <strong>de</strong> murcharem as flores <strong>do</strong> chapéu e a vida<br />

167

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!