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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

O po<strong>de</strong>r carismático explicita Weber (2005), tem como tipos puros a autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

profeta, <strong>do</strong> herói guerreiro e <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>magogo. Neste po<strong>de</strong>r “o eternamente novo, o fora<br />

<strong>do</strong> cotidiano, o nunca aconteci<strong>do</strong> e a sujeição emocional são [...] as fontes <strong>de</strong> rendição<br />

pessoal.” (2005, p.9). É uma relação entre chefe e discípulos, relação social puramente<br />

pessoal (inabitual), na qual o carisma possui um caráter neutro, isto é, o governante<br />

carismático não precisa ser bom, nem necessariamente parecer bom; em alguns casos, basta<br />

ter atos surpreen<strong>de</strong>ntes ao senso comum <strong>do</strong>s governa<strong>do</strong>s. Conforme Weber (2005), o po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong>ste governante é enfraqueci<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> ele é “aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>” pelo seu <strong>de</strong>us, ou <strong>de</strong>spoja<strong>do</strong> da<br />

sua força heróica e da fé das massas na sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chefia.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, para Weber (2005), em todas as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r é <strong>de</strong>cisiva a coação,<br />

direta ou indireta, da sujeição à autorida<strong>de</strong>. Quan<strong>do</strong> esta coação se <strong>de</strong>sfaz o governante po<strong>de</strong><br />

estranhar o fato <strong>de</strong> que não há mais possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se respaldar no man<strong>do</strong> e obediência para<br />

continuar exercen<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>r. Foi o que aconteceu com o personagem shakespeariano.<br />

Macbeth assusta<strong>do</strong> com a nova situação diz: “Mas os mortos, agora, se levantam com vinte<br />

fatais golpes na cabeça e <strong>de</strong> nossas ca<strong>de</strong>iras nos empurram. É mais estranho <strong>do</strong> que o próprio<br />

crime.” (p.27)<br />

Neste contexto, crimes e atos dignos são ações <strong>do</strong> político. Será esta opção uma tarefa<br />

da consciência moral? Será uma questão <strong>de</strong> reflexão e irreflexão? Será mesmo uma questão<br />

<strong>de</strong> opção? Arendt (1993, p.166) escreve que: “Não se trata aqui <strong>de</strong> malda<strong>de</strong> ou bonda<strong>de</strong>. E<br />

tampouco <strong>de</strong> inteligência ou burrice.” É como se a consciência <strong>de</strong> nossos atos fosse nossa<br />

testemunha com quem <strong>de</strong>vemos conversar cotidianamente. Arendt prossegue:<br />

Quem não conhece a interação entre mim e mim mesmo (na qual se examina o que<br />

se diz e se faz) não se incomodará em contradizer-se, e isso significa que jamais será<br />

capaz <strong>de</strong> explicar o que diz ou faz, ou mesmo <strong>de</strong>sejará fazê-lo; tampouco se<br />

importará em cometer qualquer crime, uma vez que está certo <strong>de</strong> que ele será<br />

esqueci<strong>do</strong> no minuto seguinte (1993, p.166).<br />

Neste senti<strong>do</strong>, o pensar (razão) é sim uma questão <strong>de</strong> opção. Um erudito (intelecto –<br />

cognição) po<strong>de</strong> saber muitas coisas, mas po<strong>de</strong> optar por não refletir sobre elas. Uma pessoa<br />

pouco instruída po<strong>de</strong> sim refletir sobre seus atos, conscientizar-se <strong>do</strong> bom e <strong>do</strong> justo e orientar<br />

suas ações para este fim. No entanto, po<strong>de</strong>-se dizer que as ações políticas passadas produzem<br />

repercussões benéficas ou maléficas a quem as produziu? Estas ações <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam<br />

consequências catastróficas para a humanida<strong>de</strong> quanto mais maléficas sejam? Arendt (1993)<br />

escreve que o pensamento trabalha com elementos invisíveis, com abstrações, coisas ausentes;<br />

o juízo envolve coisas particulares e coisas palpáveis, concretas. No entanto, os <strong>do</strong>is se<br />

conectam <strong>de</strong> forma semelhante à interligação consciência – consciência moral.<br />

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