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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

fadas, o autor inclina-se sobre nós, toca-nos <strong>de</strong> leve com suas<br />

palavras [...] (Michéle Petit).<br />

Este artigo faz parte <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> extensão em andamento no Curso <strong>de</strong> Letras da<br />

<strong>Universida<strong>de</strong></strong> Anhanguera-Uni<strong>de</strong>rp, cujo objetivo é tornar o aluno <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Letras em um<br />

professor-leitor, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que o aluno em sua maioria não lê ou lê muito pouco. A<br />

inserção ativa da leitura tem o objetivo <strong>de</strong> conduzi-lo para novas <strong>de</strong>scobertas principalmente<br />

na literatura.<br />

O projeto se assenta na condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>do</strong>brável, pois o aluno prepara<strong>do</strong> será um<br />

continua<strong>do</strong>r ou um dissemina<strong>do</strong>r da leitura. Partin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> pressuposto <strong>de</strong> que quanto mais se<br />

lê, mais se apren<strong>de</strong>, adquirin<strong>do</strong>-se assim experiência <strong>de</strong> leitura, espera-se que o aluno busque<br />

uma melhor compreensão <strong>do</strong> texto literário, “[...] saber o mo<strong>do</strong> como se dá a compreensão <strong>de</strong><br />

um texto, ter claro as previsões sobre a leitura têm a ver com o repertório <strong>de</strong> conhecimentos<br />

<strong>do</strong> leitor” (MARIA, 2009, p. 84).<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que há um esta<strong>do</strong> angustioso e inconfessável <strong>do</strong> aluno face ao<br />

emaranha<strong>do</strong> <strong>de</strong> leituras propostas pelo professor em sala <strong>de</strong> aula. Leitores ou não, estamos<br />

inconscientemente envoltos na <strong>de</strong>nsa cortina da leitura. Lemos o tempo to<strong>do</strong>: as revistas<br />

espalhadas nas bancas <strong>de</strong> jornal, um convite, os out<strong>do</strong>ors, as placas <strong>de</strong> trânsito, as ofertas nas<br />

lojas, os painéis espalha<strong>do</strong>s pela cida<strong>de</strong>, os lembretes na fila <strong>do</strong> banco, enfim, a leitura está<br />

sempre presente, é inseparável. Temos com ela uma relação <strong>de</strong> Amor e <strong>de</strong>s(amor). O A<br />

maiúsculo confere o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Amor platônico na leitura. Atingir o esta<strong>do</strong> pleno <strong>do</strong> Amor na<br />

leitura supõe compreen<strong>de</strong>r o já li<strong>do</strong>; é, ao mesmo tempo, sentir-se presente no mun<strong>do</strong><br />

inteligível 41 , das i<strong>de</strong>ias puras <strong>de</strong> Platão. Buscamos a “essência” ou senti<strong>do</strong> daquilo que lemos<br />

ou mesmo respostas para nossos questionamentos. Compreen<strong>de</strong>r o que se lê se traduz num<br />

sentimento <strong>de</strong> Amor, que transcen<strong>de</strong> a intimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ser. Essa transcendência é o<br />

conhecimento que se agrega a outros numa união espetacular. Atingir a “plenitu<strong>de</strong>” <strong>do</strong> Amor<br />

platônico na leitura é se projetar no <strong>de</strong>-<strong>de</strong>ntro 42 pertencente ao espaço imaginário metafórico<br />

<strong>do</strong> conhecimento, o mun<strong>do</strong> inteligível das i<strong>de</strong>ias. Ao naufragarmos no mun<strong>do</strong> sensível 43<br />

<strong>de</strong>paramo-nos com sombras-reflexos <strong>de</strong>sse mun<strong>do</strong> objetivo, o <strong>de</strong>s(amor), geran<strong>do</strong> um esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> angústia pela não compreensão <strong>do</strong> li<strong>do</strong>. O ser mergulha no <strong>de</strong>s(amor) da leitura. A<br />

41 No mun<strong>do</strong> inteligível ou das i<strong>de</strong>ias puras moram os seres perfeitos: a Justiça, a Bonda<strong>de</strong>, a Coragem, a<br />

Sabe<strong>do</strong>ria, o Amor. Para atingir esse mun<strong>do</strong>, o homem não po<strong>de</strong> ter apenas “amor às opiniões” (filo<strong>do</strong>xia);<br />

precisa possuir um “amor ao saber” (filosofia). O méto<strong>do</strong> proposto por Platão para atingir o conhecimento<br />

autêntico (epistéme) é a dialética. Neste mun<strong>do</strong> das i<strong>de</strong>ias só po<strong>de</strong>mos entrar, através <strong>do</strong> conhecimento racional,<br />

científico ou filosófico. (COTRIM, 2002, p. 97-98).<br />

42 De-<strong>de</strong>ntro po<strong>de</strong> significar um lugar, um local (bojo) (NOLASCO, 2009, p. 101).<br />

43 Mun<strong>do</strong> sensível é o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seres incompletos e imperfeitos. Neste mun<strong>do</strong> as realida<strong>de</strong>s concretas são<br />

simplesmente sombras (ilusão) ou reflexos das i<strong>de</strong>ias puras. (COTRIM, 2002, p. 97-98).<br />

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