13.05.2013 Views

Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

que espectral, mas mesmo assim, sen<strong>do</strong> uma possibilida<strong>de</strong>. O outro conceito que somente<br />

colabora com a questão <strong>do</strong> fantasmático, é a questão <strong>do</strong> espaço autobiográfico, vejamos:<br />

[...] Não se trata mais <strong>de</strong> saber qual <strong>de</strong>les, a autobiografia ou o romance, seria o mais<br />

verda<strong>de</strong>iro. Nem um nem outro: à autobiografia faltariam a complexida<strong>de</strong>, a<br />

ambiguida<strong>de</strong> etc.; ao romance, a exatidão. Seria então um e outro? Melhor: um em<br />

relação ao outro. O que é revela<strong>do</strong>r é o espaço no qual se inscrevem as duas<br />

categorias <strong>de</strong> textos, que não po<strong>de</strong> ser reduzi<strong>do</strong> a nenhuma <strong>de</strong>las. Esse efeito <strong>de</strong><br />

relevo obti<strong>do</strong> por esse processo é a criação, para o leitor, <strong>de</strong> um “espaço<br />

autobiográfico”. (LEJEUNE, 2008, p. 43, grifos <strong>do</strong> autor)<br />

Mais uma vez é a questão sobre a verda<strong>de</strong> que preocupa o teórico, porém avant la<br />

lettre, Lejeune nos propõe um entre-lugar entre os <strong>do</strong>is textos que <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> espaço<br />

autobiográfico, como o leitor é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>r para Lejeune é somente ele que po<strong>de</strong> andar por este<br />

espaço, entretanto nos textos <strong>de</strong> Santiago, além <strong>do</strong> leitor temos o próprio escritor se<br />

permitin<strong>do</strong> andar por este espaço, ao nos propor a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser naqueles textos ele<br />

como qualquer outra elaboração <strong>de</strong> si.<br />

Os poucos textos que temos sobre a questão da autobiografia estão, primeiro, na<br />

tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento <strong>de</strong> Diana Irene Klinger, Escritas <strong>de</strong> si, escritas <strong>do</strong> outro: o retorno <strong>do</strong><br />

autor e a virada etnográfica (2007), porém <strong>de</strong> forma resumida, visto que seu objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />

não é somente a autoficção, mas toda uma produção literária contemporânea que parte das<br />

escritas <strong>de</strong> si e propon<strong>do</strong> algo que foge ao nosso objetivo ao relacionar essa produção com as<br />

questões da antropologia. E, segun<strong>do</strong>, o texto <strong>de</strong> Silviano Santiago, intitula<strong>do</strong> Meditação<br />

sobre o ofício <strong>de</strong> criar, publica<strong>do</strong> em 2008 pela revista Aletria, em que não se limita ao<br />

conceito <strong>de</strong> Doubrouvski, mas o reinventa no contexto brasileiro e <strong>de</strong> suas obras.<br />

Em Meditações sobre o oficio <strong>de</strong> criar (2008), o próprio Silviano Santiago vai<br />

assumir performaticamente Histórias Mal Contadas e O falso mentiroso como um gesto<br />

autoficcional. É a partir da discussão existente entre o que vem a ser o discurso autobiográfico<br />

e o discurso confessional que Santiago vai reler sua própria obra:<br />

Com a exclusão da matéria que constitui o meramente confessional, o texto híbri<strong>do</strong>,<br />

constituí<strong>do</strong> pela contaminação da autobiografia pela ficção – e da ficção pela<br />

autobiografia -, marca a inserção <strong>do</strong> tosco e requinta<strong>do</strong> material subjetivo meu na<br />

tradição literária oci<strong>de</strong>ntal e indica a relativização por esta <strong>de</strong> seu anárquico<br />

potencial criativo. (SANTIAGO, 2008, p. 174)<br />

Santiago (2008) faz questão <strong>de</strong> afirmar que sua obra não é confessional, visto que<br />

a elaboração entre a sincerida<strong>de</strong> e a mentira não trata <strong>de</strong> confessar nada ao leitor, seu gesto é<br />

ficcional, ou propriamente autoficcional. Consi<strong>de</strong>ro este ensaio <strong>de</strong> Santiago como mais uma<br />

das suas histórias mal contadas, visto que nos narra também alguns fatos <strong>de</strong> sua infância, até<br />

“confessar”: “na infância, já era multiplica<strong>do</strong>ramente confessional e sincero, era<br />

111

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!