Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />
Resumo<br />
XOXOTA ESTÉTICA, MODO DE REPRESENTAÇÃO<br />
Marcus Vinicius Camargo e Souza (PG-UFMS)<br />
Neste ensaio traçarei um percurso teórico para enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que maneira Silviano Santiago se<br />
representa em suas obras Histórias Mal Contadas e O Falso Mentiroso por meio da análise <strong>de</strong><br />
duas cenas <strong>do</strong>s livros cita<strong>do</strong>s. Estas obras se diferenciam das outras obras <strong>do</strong> autor visto não<br />
se tratar mais da autobiografia ficcional, on<strong>de</strong> Santiago inventava memórias para outros<br />
autores, como o caso <strong>de</strong> Em liberda<strong>de</strong>, mas inventa, nas obras citadas para si, num gesto<br />
político, memórias. Veremos, também como ele acaba aceitan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nominação autoficção, é<br />
claro, alteran<strong>do</strong> ou recrian<strong>do</strong> esse conceito em um ensaio publica<strong>do</strong> posteriormente às obras.<br />
O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> representação que analiso, <strong>de</strong>nominei-o <strong>de</strong> “xoxota estética”, expressão oriunda <strong>de</strong><br />
uma das cenas em análise.<br />
Palavras-chave: Silviano Santigo; autobiografia; autoficção; representação.<br />
Abstract<br />
In this work I’ll go thought a teorical path to un<strong>de</strong>rstand how Silviano Santiago represents<br />
himself in Histórias mal contadas and O falso mentiroso by the analyses of two scenes of the<br />
books. This books are different of others author’s works for <strong>do</strong>n’t consi<strong>de</strong>r them a fictional<br />
autobiography, where Santiago create memories for others authors, like in Em liberda<strong>de</strong>, but<br />
create for himself, in a political gesture, memories. We’ll see how him accept for himself the<br />
<strong>de</strong>nomination autofiction by recreating or changing this concept in a later essay about the two<br />
books. The way Santiago represents himself I called “aesthetic pussy”, expression from one<br />
of the two analyzed scenes .<br />
Keywords: Silviano Santiago; autobiography; autofiction; representation.<br />
1. AUTOBIOGRAFIA, AUTOBIOGRAFIA FICCIONAL E AUTOFICÇÃO<br />
É Eneida Maria <strong>de</strong> Souza, em Crítica Cult (2002), especificamente no artigo<br />
intitula<strong>do</strong> Notas sobre a crítica biográfica que a<strong>do</strong>to, entre as diversas, duas tendências para a<br />
crítica sobre a (auto)biografia, a primeira <strong>de</strong>las é:<br />
a caracterização da biografia como biografema (Roland Barthes) conceito que<br />
respon<strong>de</strong> pela construção <strong>de</strong> uma imagem fragmentária <strong>do</strong> sujeito, uma vez que não<br />
se acredita mais no estereótipo da totalida<strong>de</strong> e nem <strong>do</strong> relato <strong>de</strong> vida como registro<br />
<strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e autocontrole (SOUZA, 2002, p. 106-107)<br />
A fragmentação <strong>do</strong> sujeito é percebida nos mais diversos escritos literários, on<strong>de</strong><br />
não há mais <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> um sujeito clássico ou totalitário, como discutiremos no<br />
próximo tópico, porém o que nos interessa é que Silviano Santiago vai além da fragmentação<br />
107