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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar <strong>de</strong> ações semelhantes para garantir a eficácia das ações na manutenção <strong>do</strong> status<br />

e <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r. Macbeth po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> por nós para fins <strong>de</strong> análise como um tipo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />

tirano, ao extrair-se <strong>de</strong>le a abstração personificada e alegórica, e, absorver-se apenas a<br />

significação que este representa <strong>do</strong> real, o qual se vê enreda<strong>do</strong> em situações trágicas<br />

originadas <strong>de</strong> ações maléficas cometidas por ele próprio na busca pelo po<strong>de</strong>r e manutenção<br />

<strong>de</strong>ste.<br />

Weber concebe o tipo i<strong>de</strong>al como um mo<strong>de</strong>lo, não <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> pura<br />

e simplesmente, mas sim, <strong>de</strong>ve orientar a reflexão sobre, <strong>de</strong>ve ser um guia para enten<strong>de</strong>r os<br />

padrões individuais concretos existentes em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s indivíduos que agem em socieda<strong>de</strong>.<br />

Arendt escreve que:<br />

[...] a gran<strong>de</strong> vantagem <strong>do</strong> tipo i<strong>de</strong>al é justamente não ser uma abstração<br />

personificada a que se atribui algum significa<strong>do</strong> alegórico, mas ter si<strong>do</strong> escolhi<strong>do</strong><br />

em meio à multidão <strong>de</strong> seres vivos, no passa<strong>do</strong> ou no presente, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter<br />

uma significação representativa da realida<strong>de</strong>, que só precisava purificar-se um<br />

pouco para revelar to<strong>do</strong> o seu significa<strong>do</strong> (1993, grifo nosso, p.153).<br />

Weber (2005) conceitua po<strong>de</strong>r como a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar obediência a uma<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminada. Um po<strong>de</strong>r instável para ele seria aquele assenta<strong>do</strong> em uma “situação <strong>de</strong><br />

interesses”, no “costume” e na “tendência afetiva, pessoal”. Deste mo<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica três tipos<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>res: po<strong>de</strong>r legal, po<strong>de</strong>r tradicional e po<strong>de</strong>r carismático.<br />

O po<strong>de</strong>r legal, segun<strong>do</strong> Weber (2005), tem como tipo i<strong>de</strong>al puro o po<strong>de</strong>r burocrático,<br />

apesar <strong>de</strong> não ser o único que se po<strong>de</strong> encontrar nas socieda<strong>de</strong>s. Este tipo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r baseia-se<br />

no trabalho profissional <strong>do</strong> funcionário especializa<strong>do</strong> instruí<strong>do</strong> que possui uma obrigação<br />

oficial bem <strong>de</strong>finida e objetiva.<br />

No po<strong>de</strong>r tradicional, para Weber (2005), encontra-se como tipo mais puro a<br />

<strong>do</strong>minação patriarcal. “Obe<strong>de</strong>ce-se à pessoa por força <strong>de</strong> sua dignida<strong>de</strong> própria, santificada<br />

pela tradição: por pieda<strong>de</strong>.” (2005, p.4). Po<strong>de</strong>-se questionar aqui o caráter “santifica<strong>do</strong>” <strong>de</strong>ste<br />

governante, que não <strong>de</strong>verá ser exatamente fruto da bonda<strong>de</strong>, pois neste tipo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r há o<br />

exercício <strong>de</strong> violência e opressão, muitos vezes em nome <strong>do</strong> “sagra<strong>do</strong>”. O que legitima este<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> man<strong>do</strong> aos servi<strong>do</strong>res individuais é o privilégio concedi<strong>do</strong> pelo bel-prazer singular<br />

<strong>do</strong> senhor, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da posição <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r na hierarquia <strong>de</strong> competência, ele po<strong>de</strong> ser<br />

privilegia<strong>do</strong> ou não <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> governante. Weber (2005) coloca que a este<br />

po<strong>de</strong>r falta o rigor da disciplina <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r legal. Há uma <strong>de</strong>pendência pessoal <strong>do</strong> senhor: “A<br />

tradição, o privilégio, as relações feudais ou patrimoniais <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, a honra ligada à<br />

or<strong>de</strong>m e a ‘boa vonta<strong>de</strong>’ regem as relações globais.” (2005, p.6).<br />

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