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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

estéticas i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> um texto. Assim, estabelece-se a tradição <strong>de</strong> repassá-lo <strong>de</strong> geração em<br />

geração. No entanto, tome-se por base a seguinte afirmação e questionamento:<br />

Originalmente, o cânone significava a escolha <strong>de</strong> livros em nossas instituições <strong>de</strong><br />

ensino, e apesar da recente política <strong>de</strong> multiculturalismo, a verda<strong>de</strong>ira questão <strong>do</strong><br />

Cânone continua sen<strong>do</strong>: Que tentará ler o indivíduo que ainda <strong>de</strong>seja ler mais que<br />

uma história? (BLOOM, 1995, p. 23)<br />

A afirmação acima levanta o questionamento comum àqueles interessa<strong>do</strong>s em saber o<br />

que o leitor da atualida<strong>de</strong> quer ler, qual temática é <strong>de</strong> seu interesse. Destaque-se que em<br />

diferentes culturas escritas existem diferentes cânones, com valida<strong>de</strong> em vários âmbitos<br />

(religioso, literário), e na nossa tradição literária oci<strong>de</strong>ntal temos um cânone amplo que aten<strong>de</strong><br />

às necessida<strong>de</strong>s da indústria editorial, no entanto rígi<strong>do</strong> na transmissão <strong>de</strong> valores i<strong>de</strong>ológicos,<br />

culturais e políticos <strong>do</strong> Oci<strong>de</strong>nte.<br />

Com as mudanças tecnológicas e político-econômicas ocorridas nos <strong>do</strong>is últimos<br />

séculos, há novas exigências culturais <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> globalizada. Valores e fenômenos<br />

como: consumismo, velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação, fragmentação e rompimento com a própria<br />

tradição cultural fazem com que surja um cenário para o cânone literário estabeleci<strong>do</strong> até<br />

então. Essa nova situação forma novos leitores dividi<strong>do</strong>s por interesses imediatos, fugazes e<br />

fragmenta<strong>do</strong>s, tornan<strong>do</strong> problemática a leitura <strong>do</strong> cânone instituí<strong>do</strong>: <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong><br />

obras e autores canoniza<strong>do</strong>s há muito tempo; <strong>de</strong> outro, a abertura a outras obras e autores<br />

contemporaneida<strong>de</strong>, que ainda não foram reconheci<strong>do</strong>s pela tradição cultural.<br />

Como conhecer e aproveitar a leitura Macha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assis ou Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, se o<br />

homem <strong>do</strong> povo está praticamente priva<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa possibilida<strong>de</strong>. Para esse homem, oferece-se a<br />

literatura <strong>de</strong> massa, as narrativas orais, a sabe<strong>do</strong>ria popular. Sabe-se que estes conhecimentos<br />

são importantes para a formação cultural e i<strong>de</strong>ntitária <strong>do</strong> povo, mas não se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-las<br />

suficientes, pois a literatura em toda a sua abrangência proporciona-nos um diálogo cultural<br />

entre povos, socieda<strong>de</strong>s, épocas e tradições.<br />

Na atualida<strong>de</strong>, as obras e autores não-canoniza<strong>do</strong>s pela tradição cultural buscam um<br />

lugar ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s já consagra<strong>do</strong>s e legitima<strong>do</strong>s. É fato que o cânone literário tem si<strong>do</strong><br />

questiona<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à “sintomas recorrentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilização e por contínuos alarmes <strong>de</strong><br />

crises que dizem respeito seja à indústria editorial, seja à leitura” (PETRUCCI, 1999, p. 210).<br />

Tais sintomas exerceram uma pressão sobre “as bases e as justificativas morais <strong>do</strong> que se<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir como a i<strong>de</strong>ologia da leitura <strong>do</strong> Oci<strong>de</strong>nte” (I<strong>de</strong>m, p. 213). E mais, fazem<br />

<strong>de</strong>smoronar uma autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cânone clássico que antes era inquestionável: até a escola<br />

enquanto instituição, que tradicionalmente é encarregada <strong>de</strong> manter e difundir o cânone<br />

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