Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />
Portuguesa (1985), Abdala Junior e Maria Aparecida Paschoalin, tratam <strong>de</strong>sse perío<strong>do</strong>,<br />
apontan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> uma nova classe social, a <strong>de</strong>nominada pequena burguesia citadina,<br />
que saiu <strong>do</strong> campo para cida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar <strong>do</strong> progresso e <strong>do</strong>s melhoramentos<br />
materiais e sociais que lhes foram proporciona<strong>do</strong>s. Seguin<strong>do</strong> os autores<br />
A política econômica <strong>de</strong>senvolvimentista seguida pelo regime liberal trouxe gran<strong>de</strong><br />
aumento da produção agrícola, benefician<strong>do</strong> os proprietários da terra, que passaram<br />
a residir nas cida<strong>de</strong>s. Em conseqüência, temos o crescimento <strong>de</strong> uma classe média<br />
citadina, <strong>de</strong> raízes agrárias, que veio somar-se à comercial, grupo social bastante<br />
beneficia<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s novos meios <strong>de</strong> comunicação. (ABDALA<br />
JÚNIOR, PASCHOALIN, 1985, p. 99.)<br />
É nesse contexto, com o surgimento <strong>de</strong> uma nova classe social, a <strong>de</strong>nominada pequena<br />
burguesia citadina, que se inicia um novo movimento literário: o Realismo, o qual evoluiu<br />
gradativamente para o Naturalismo. A ascensão <strong>de</strong>sse estilo <strong>de</strong> literatura em Portugal foi<br />
propiciada quan<strong>do</strong> a alta burguesia já não mais assumia o controle <strong>do</strong> país. A emergência <strong>de</strong><br />
uma nova classe favoreceu o crescimento da produção literária, passan<strong>do</strong> a consumir cada vez<br />
mais jornais, revistas, romances, transforman<strong>do</strong>-se num público significativo, que queria ver<br />
seus problemas retrata<strong>do</strong>s na literatura por meio da representação da realida<strong>de</strong> em que vivia,<br />
tanto a situação social, econômica e política. E, é esse aumento significativo <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong><br />
informação que irá propiciar aos escritores e jornalistas a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crítica social;<br />
<strong>de</strong>ntre esses escritores, <strong>de</strong>staca-se Eça <strong>de</strong> Queirós, que através <strong>de</strong> seu estilo e crítica traçara o<br />
perfil da socieda<strong>de</strong> lisboeta <strong>do</strong> século XIX.<br />
Da mesma forma como ocorreu nos países europeus, em Portugal, o movimento<br />
romântico também remonta à evolução econômico-social e política da burguesia. A nobreza<br />
per<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r político e econômico e a burguesia passa então a ditar seus valores e costumes.<br />
Nessa perspectiva, surge nesse cenário um novo público-leitor, que tem sua origem na<br />
burguesa, cuja formação literária advém <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> jornais e <strong>de</strong> novos bens culturais<br />
vendi<strong>do</strong>s agora a preços acessíveis.<br />
Além disso, a elevação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r aquisitivo da classe média e um sistema <strong>de</strong><br />
impressão em escala comercial propiciaram o alargamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.<br />
Se no classicismo tínhamos um público aristocrático, palaciano, agora este é mais<br />
amplo e precisava ser motiva<strong>do</strong> para adquirir a obra <strong>de</strong> arte. Há, nesse setor, como<br />
no conjunto da socieda<strong>de</strong>, uma <strong>de</strong>mocratização da cultura. (ABDALA JÚNIOR,<br />
PASCHOALIN, 1985, p.78.)<br />
A formação <strong>de</strong>ssa nova classe social e seu êxo<strong>do</strong> para cida<strong>de</strong> contribuiu <strong>de</strong> forma<br />
incisiva para a valorização da educação e avivamento da vida cultural nos gran<strong>de</strong>s centros,<br />
além é claro, <strong>de</strong> impulsionar o aumento <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> jornais e bens culturais; ato que<br />
funcionou como um meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização cultural. Assim, os meios <strong>de</strong> informação, tais<br />
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