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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas surge nas obras <strong>de</strong> Clarice Lispector e um <strong>do</strong>s seus princípios é revelar o<br />

papel <strong>do</strong> feminino diante <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> ainda machista e patriarcal.<br />

A sujeição <strong>do</strong> feminino é <strong>de</strong>marcada no momento em que o masculino dita as regras,<br />

<strong>de</strong>seja e permite <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sempenhos da mulher em socieda<strong>de</strong>, alimentan<strong>do</strong> suas<br />

vonta<strong>de</strong>s, necessida<strong>de</strong> e princípios. Assim, o masculino se estabelece sob a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ser<br />

superior (ou melhor) ao feminino.<br />

Os valores apresenta<strong>do</strong>s nos contos <strong>de</strong> Clarice Lispector, a crítica presente em seus<br />

escritos, revela<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> uma época, mesmo em uma socieda<strong>de</strong> cada vez mais <strong>do</strong>minada pela<br />

conquistas <strong>do</strong> feminino, ressaltam, ainda, uma concepção preconceituosa <strong>do</strong> ser mulher no<br />

mun<strong>do</strong> (cf. ROSENBAUM, 2002, p. 13).<br />

Essa concepção preconceituosa foi constituída <strong>de</strong> forma gradual. O homem (o<br />

masculino) estabeleceu formas <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação, como senhor <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e, consequentemente,<br />

da mulher. A mulher foi tornada submissa, com sua ação restrita aos serviços <strong>do</strong>mésticos, aos<br />

favores sexuais e às práticas reprodutivas (<strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes). Está posta, então, uma relação<br />

assimétrica, com a mulher sen<strong>do</strong> relegada a um papel <strong>de</strong> submissão.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> isso, preten<strong>de</strong>-se discutir o sofrimento e a subsequente revolta das<br />

personagens femininas, tomadas pelo amor e pela ira, ten<strong>do</strong> como foco <strong>de</strong> análise o conto O<br />

Corpo, <strong>de</strong> Clarice Lispector, buscan<strong>do</strong> estabelecer as conexões das personagens femininas em<br />

interação umas com as outras, revelan<strong>do</strong>, ao mesmo tempo, uma relação conflitante e tensa,<br />

porém, <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> entre as mulheres <strong>do</strong> conto <strong>de</strong> Lispector.<br />

2. A AUTORA: CLARICE LISPECTOR<br />

Clarice Lispector escreveu romances, contos, crônicas, livros infantis, artigos em<br />

jornais; foi também tradutora. Além da repercussão nacional, suas obras tiveram projeção<br />

internacional e foram publicadas em diversos países: Alemanha, Dinamarca, Espanha,<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, França, Israel, Holanda, Inglaterra, Itália, Noruega, Polônia,<br />

Rússia, Suécia, República Tcheca, Turquia, entre outros.<br />

Lispector procura refletir em seus escritos sobre as angústias <strong>do</strong> homem, suas<br />

frustrações e seus anseios, <strong>de</strong>correntes da mecanicização e da massificação da vida. Muitos<br />

críticos ressaltam essa singularida<strong>de</strong> <strong>do</strong> estilo clariciano.<br />

A questão da epifania nas obras <strong>de</strong> Clarice Lispector é um tema recorrente na crítica<br />

brasileira. Muitos a <strong>de</strong>nominam como um “instante existencial”, um “momento privilegia<strong>do</strong>”,<br />

o “<strong>de</strong>scortino silencioso”, traduzin<strong>do</strong>-a e/ou conceituan<strong>do</strong>-a <strong>de</strong> forma diversa: ora como uma<br />

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