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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

104<br />

Capítulo 3<br />

dos paradigmas mo<strong>de</strong>rnos parecer ser uma das características das obras <strong>de</strong> A<strong>de</strong>lino Nunes,<br />

este arquitecto também foi consi<strong>de</strong>rado um dos intervenientes no processo <strong>de</strong> criação do<br />

chamado ―português suave‖ 350 . Na verda<strong>de</strong>, em muitas localida<strong>de</strong>s exigiam-se edifícios<br />

que integrassem os ―valores tradicionais‖. Por exemplo, o articulista do ―Voz da Serra‖<br />

<strong>de</strong>fendia um novo edifício dos CTT <strong>de</strong> harmonia com respectiva região 351 . Neste caso, até<br />

a solução <strong>de</strong> compromisso usada seria questionada nos jornais, lamentando-se que os<br />

arquitectos não se tivessem inspirado naquele gracioso livrinho <strong>de</strong> Raúl Lino 352 .Torna-se<br />

evi<strong>de</strong>nte, que nem sempre este tipo <strong>de</strong> programa arquitectónico esteve associado a rupturas<br />

estéticas. Possivelmente, isso só foi verda<strong>de</strong> nas localida<strong>de</strong>s com um meio cultural mais<br />

<strong>de</strong>sperto, no qual a ―obra pública mo<strong>de</strong>rna‖ vinha coadjuvar as iniciativas privadas da<br />

mesma índole.<br />

O caso <strong>de</strong> Santarém, volta a ser exemplo, <strong>de</strong>sta situação com a Estação <strong>de</strong> Correios<br />

(A<strong>de</strong>lino Nunes e <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, 1938) a constituir um eixo estruturante da ―nova cida<strong>de</strong>‖<br />

dos 30, juntamente com Café Central (1937) e o com Teatro Rosa Damasceno (1938) 353 . A<br />

colaboração <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> com A<strong>de</strong>lino Nunes reflectiu estas contradições, ora<br />

procurando soluções mo<strong>de</strong>rnas, na linha <strong>de</strong> uma renovação arquitectónica, ora<br />

contemporizando entre o clássico e o mo<strong>de</strong>rno, entre a tradição e a ruptura.<br />

No que toca à atribuição da autoria dos projectos retomamos velhas dificulda<strong>de</strong>s,<br />

tais como: a existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos tipos (<strong>de</strong>finidos no quadro da CNE/CTT); projectos<br />

<strong>de</strong>ixados anónimos e, por fim, a falta <strong>de</strong> investigação sistemática <strong>de</strong>sta tipologia<br />

arquitectónica 354 . No entanto, i<strong>de</strong>ntificámos a autoria <strong>de</strong> algumas estações sem margem<br />

para dúvidas. Des<strong>de</strong> logo, a antiga estação dos CTT <strong>de</strong> Ponte <strong>de</strong> Lima (1936) (já citada por<br />

Carlos Bártolo como obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>), que está perfeitamente i<strong>de</strong>ntificada nos<br />

<strong>de</strong>senhos remanescentes no AHFPC 355 . No caso da estação <strong>de</strong> Santarém, contrariamos a<br />

350<br />

TOSTÕES, Ana, Arquitectura portuguesa do século XX¸ em História da Arte Portuguesa, i<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, p. 20 a 45.<br />

351<br />

―Edifício dos Correios – A sua inauguração com a presença do ilustre Chefe do Distrito, representante da<br />

Administração geral dos CTT e mais elemento oficial‖, em A Voz da Serra, Seia, n.º 612, ano XXVII, 1 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong><br />

1946, p.1.<br />

352<br />

―Edifício dos Correios – A sua inauguração com a presença do ilustre Chefe do Distrito, representante da<br />

Administração geral dos CTT e mais elemento oficial‖, em A Voz da Serra, i<strong>de</strong>m.<br />

353<br />

LOPES, Tiago Soares e NORAS, José Raimundo, ―<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, um arquitecto na província‖ em Monumentos, p.<br />

172 a 179.<br />

354<br />

De facto, a tese <strong>de</strong> Carlos Bártolo Desenho <strong>de</strong> Equipamento no Estado novo: As Estações <strong>de</strong> Correio do Plano <strong>Geral</strong><br />

<strong>de</strong> Edificações, tanto quanto chegou ao nosso conhecimento, será o principal estudo sobre os edifícios dos CTT <strong>de</strong>sta<br />

época, realizado até momento.<br />

355<br />

BÁRTOLO, Carlos Humberto Mateus <strong>de</strong> Sousa, Desenho <strong>de</strong> Equipamento no Estado novo: As Estações <strong>de</strong> Correio<br />

do Plano <strong>Geral</strong> <strong>de</strong> Edificações, dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Design Industrial apresentada à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitectura<br />

da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> do Porto, Porto, FAUP, Julho 1998. [Policopiado]; Plantas e Alçados da Estação dos CTT <strong>de</strong> Ponte <strong>de</strong><br />

Lima, AHFPC.

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