Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
111<br />
Capítulo 3<br />
caso em Santarém. Nessa estação, <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> só terá participado na fase inicial do<br />
projecto, <strong>de</strong>ixando a direcção <strong>de</strong> obras a cargo <strong>de</strong> A<strong>de</strong>lino Nunes. 374<br />
Regressemos à análise arquitectónica. Uma leitura mais cuidadosa dos ―projectos<br />
tipo‖ da CNE/CTT 375 revela que a disposição dos espaços adoptada em Viseu e <strong>Coimbra</strong><br />
não se distanciam, em gran<strong>de</strong> parte, do projecto tipo 3. Na verda<strong>de</strong>, o espaço<br />
<strong>de</strong>ambulatório central para o público não existe como tal, nos mo<strong>de</strong>los, mas resultou,<br />
muito provavelmente, <strong>de</strong> uma combinação dos tipos 3 e 4. Já a configuração <strong>de</strong> ambos as<br />
plantas aproxima-se mais do tipo 2, <strong>de</strong>correndo da configuração cadastral dos terrenos <strong>de</strong><br />
implantação <strong>de</strong>stas estações dos CTT e não da aproximação a um ―projecto tipo‖, para<br />
localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> menor dimensão. Num contexto geral, estas estações <strong>de</strong> Viseu e <strong>de</strong><br />
<strong>Coimbra</strong>, assumiram o compromisso estético na linha do que se veio a <strong>de</strong>signar ―Português<br />
Suave‖ 376 .<br />
Na Estação dos CTT <strong>de</strong> Viseu existia um espaço vestibular pelo qual os utentes<br />
acediam à ―sala do público‖. Esta divisão era o elemento central na organização da planta.<br />
Um balcão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho octogonal incompleto la<strong>de</strong>ava o espaço do público. De um dos<br />
lados <strong>de</strong>ste ―átrio do público‖, disponha-se uma vasta sala para a ―manipulação postal‖, do<br />
outro lado localizava-se uma divisão idêntica para a ―manipulação telefónica‖. Por <strong>de</strong>trás<br />
do ―escritório‖ um corredor dava acesso ao arquivo, às retretes e ao refeitório. No primeiro<br />
andar, existiam diversos serviços técnicos, alguns vestiários e casas <strong>de</strong> banhos, dispostos<br />
em torno <strong>de</strong> uma galeria octogonal imperfeita. Por fim, no segundo andar havia um espaço<br />
habitacional, com três ―apartamentos‖ autónomos por assim dizer. As habitações estavam<br />
dotadas <strong>de</strong> casa <strong>de</strong> banho, <strong>de</strong> sala, <strong>de</strong> cozinha e <strong>de</strong> entrada autónomas. Estas três ―casas‖<br />
<strong>de</strong>stinar-se-iam ao fiel <strong>de</strong> armazém, ao director técnico da estação e ao chefe <strong>de</strong> estação. O<br />
edifício possui duas entradas laterais, com acesso aos três pisos. Ao lado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las<br />
ficava o gabinete do chefe da Estação, o qual disponha assim <strong>de</strong> uma entrada exclusiva<br />
para o serviço e para o ―seu apartamento‖, se assim o enten<strong>de</strong>sse.<br />
A configuração da planta é octogonal, com três lados menores que correspon<strong>de</strong>m a<br />
uma empena fenestrada e às portas laterais. Po<strong>de</strong>r-se-ia confundir esta configuração<br />
particular com um aspecto persistente <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no edifício, no entanto, ter-se-á<br />
374<br />
Veja-se ―Uma aspiração satisfeita (…) o novo edifício dos Correios e Telégrafos‖, Correio da Extremadura, i<strong>de</strong>m, 19<br />
<strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1938, p. 1.<br />
375<br />
Relatório da Comissão para o estudo dos novos edifícios dos CTT‖, em Revista do Sindicato Nacional <strong>de</strong> Arquitectos,<br />
Lisboa, ano 1, n.º 6, Outubro <strong>de</strong> 1938, p. 168-172<br />
376<br />
TOSTÕES, Ana, Arquitectura portuguesa do século XX¸ em História da Arte Portuguesa, dir. Paulo Pereira, i<strong>de</strong>m, p.<br />
7 a 91.