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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

126<br />

Capítulo 3<br />

Neste projecto, po<strong>de</strong>mos observar como a arquitectura nos revela a lógica <strong>de</strong><br />

segregação social da época, consubstanciada, neste caso, no acesso aos espaços<br />

privilegiados. Apenas às elites burguesas seria concedido acesso, através dos foyers ao 1.º<br />

balcão. Enquanto isso uma ―pequena burguesia‖ intermédia teria possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

frequentar as varandas do 2.º balcão. Sendo que os restantes espectadores eram ―arrumados<br />

na geral‖. Dessa ―plateia social‖ vislumbravam não só os espectáculos <strong>de</strong> teatro e cinema,<br />

mas também o glamour dos novos tempos, personificado nas ―mo<strong>de</strong>rnas‖ elites sociais 435 .<br />

O corpo central, por on<strong>de</strong> se acedia ao 1º balcão, era ocupado pelos dois foyers que<br />

organizavam o espaço. No primeiro foyer, um hall vestibular <strong>de</strong> acesso à sala e um bar.<br />

Através <strong>de</strong>sse espaço vestibular teríamos acesso aos gabinetes da direcção e da<br />

administração, os quais aproveitavam o nicho criado pela estrutura do 1º balcão. O<br />

segundo foyer dava acesso à cabine <strong>de</strong> projecção, construída da mesma forma que os<br />

gabinetes mencionados. O acesso os dois vestíbulos do 1º balcão fazia-se por duas escadas<br />

laterais, com pavimento em parquet, e acabamentos em ma<strong>de</strong>ira. A plateia também possuía<br />

uma vasta área vestibular, à qual se acedia através do átrio entre as duas bilheteiras, por<br />

meio <strong>de</strong> portas basculantes. O pavimento do chão era em marmorite. O vasto hall <strong>de</strong><br />

entrada dava acesso aos sanitários e ao bar, profusamente <strong>de</strong>corado. 436<br />

O betão nunca era aparente, surgia sempre revestido a pintura <strong>de</strong> areia. Por motivos<br />

<strong>de</strong>rivados das regras <strong>de</strong> segurança pública da época, todo o edifício foi <strong>de</strong>senhado para ser<br />

incombustível. Essa preocupação revela-se, tanto pela utilização do betão armado, como<br />

pela cuidada localização <strong>de</strong> bocas-<strong>de</strong>-incêndio e saídas <strong>de</strong> emergência.<br />

O <strong>de</strong>senho da fachada é dominado pela curva dinâmica do cilindro central, a bow-<br />

window. Esse cilindro impõe-nos uma função axial na vertical, reforçando a verticalida<strong>de</strong><br />

assumida pelas linhas do conjunto, no topo está aposta, em letras metálicas, a <strong>de</strong>signação<br />

―TEATRO ROSA DAMASCENO‖. A marquise central avança <strong>de</strong>pois sobre uma pala em<br />

betão, que se esten<strong>de</strong> até aos limites do arruamento. Desta forma o átrio exterior fica<br />

dotado <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> alpendre, abrigando as bilheteiras. Na sobrieda<strong>de</strong> geométrica da<br />

fachada, surgem cinco janelões mo<strong>de</strong>lados a partir do cilindro central e paralelos a este.<br />

435 Custódio, Jorge, ―Teatro Rosa Damasceno‖ [Memória <strong>de</strong>scritiva], em Património Monumental <strong>de</strong> Santarém –<br />

Inventário, <strong>Estudo</strong>s Descritivos‖, p.218; Custódio, Jorge, Teatro Rosa Damasceno – fundamentação para a classificação<br />

como Imóvel <strong>de</strong> Interesse Público, p. 12.<br />

436 Custódio, Jorge, Teatro Rosa Damasceno – fundamentação para a classificação como Imóvel <strong>de</strong> Interesse Público, p.<br />

11; PINTO, <strong>Amílcar</strong>, ―Memória <strong>de</strong>scritiva para os trabalhos da ampliação e modificação do Teatro Rosa Damasceno em<br />

Santarém‖ em ob. cit. fl. 67.

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