Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Desenhos <strong>de</strong> uma vida: o percurso biográfico <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
41<br />
Capítulo 2<br />
<strong>de</strong>fensor <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong> vanguarda, utilizando essa abertura como forma <strong>de</strong> propaganda,<br />
preparando, no entanto, a base necessária ao aparecimento das primeiras experiências<br />
mo<strong>de</strong>rnas. 148<br />
As nossas cida<strong>de</strong>s médias e vilas apresentavam graves falhas, tanto ao nível infra-<br />
estrutural, como ao nível do planeamento urbano. A sua maioria crescera através do<br />
prolongamento da matriz medieval, <strong>de</strong> forma quase aleatória, pela simples expansão <strong>de</strong><br />
antigos limites cadastrais. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas infra-estruturas — elas próprias<br />
catalisadoras <strong>de</strong> outras transformações e <strong>de</strong>senvolvimentos — materializou-se num <strong>de</strong>sejo e<br />
numa abertura a temas da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> 149 . Neste contexto, o arquitecto assumiu um novo<br />
papel social, como pô<strong>de</strong> ver-se no anterior capítulo. A utilização <strong>de</strong> uma linguagem mo<strong>de</strong>rna,<br />
muitas vezes <strong>de</strong>rivada da sua a<strong>de</strong>quação a programas <strong>de</strong> inovação, entre os quais os cine-<br />
teatros, os estúdios e os emissores, foi indissociável do lento processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e<br />
infra-estruturação básica das cida<strong>de</strong>s portuguesas. 150<br />
<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> não foi alheio ao surto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbano da sua época. Em<br />
vários casos, nas cida<strong>de</strong>s e vilas por on<strong>de</strong> passou, as suas propostas <strong>de</strong> intervenção sobre a<br />
cida<strong>de</strong> integravam uma nova visão urbana, <strong>de</strong>finindo eixos infra-estruturais. Em Ponte <strong>de</strong><br />
Lima, o Mercado Municipal, datado <strong>de</strong> 1929, apesar <strong>de</strong> associado a uma estética revivalista,<br />
inseriu-se no panorama <strong>de</strong> renovação da malha urbana. 151 A encomenda, da responsabilida<strong>de</strong><br />
municipal, pressuponha também a construção <strong>de</strong> um bairro operário, o qual, por dificulda<strong>de</strong>s<br />
políticas e económicas, não chegou a construir-se 152 . Esta situação revela muito do clima<br />
social dos pequenos aglomerados urbanos da época. As iniciativas, públicas ou privadas, <strong>de</strong><br />
inversão da ruralida<strong>de</strong>, não raras vezes, esbarravam com <strong>de</strong>sconfianças e reacções<br />
antagónicas, arreigadas a um modus vivendi conservador, cada vez mais ultrapassado.<br />
Contudo, no caso <strong>de</strong> Ponte <strong>de</strong> Lima, esteve apenas em causa a real necessida<strong>de</strong> dos<br />
equipamentos e ainda estávamos longe do <strong>de</strong>bate estético.<br />
148<br />
PEREIRA, Nuno Teotónio, ―Arquitectura‖, em Dicionário <strong>de</strong> História do Estado Novo, coord. Fernando Rosas e J. M.<br />
Brandão <strong>de</strong> Brito, Lisboa, Círculo <strong>de</strong> Leitores, 1996, p.61-64. FERNANDEZ, Sérgio, Percurso Arquitectura Portuguesa<br />
1930/1974”, Porto, Serviço Editorial da FAUP, 2ª edição, 1988, cap. 2.<br />
149<br />
TOSTÕES, Ana Cristina (coord.), Arquitectura Mo<strong>de</strong>rna Portuguesa (1920-1970), Lisboa, IPPAR, 2004, p. 287<br />
150<br />
I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />
151<br />
Mercado Municipal <strong>de</strong> Ponte <strong>de</strong> Lima‖ [arquitecto <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>], em Arquitectura Portuguesa – revista mensal <strong>de</strong><br />
construção e <strong>de</strong> arquitectura prática, Lisboa, n.º 7, ano XXIV (2ª série), Julho <strong>de</strong> 1931, p. 49 a 50 e p. 55 e ―Um bairro<br />
operário em Ponte <strong>de</strong> Lima‖ [arquitecto <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>], em Arquitectura Portuguesa – revista mensal <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong><br />
arquitectura prática, Lisboa, n.º 5, ano XXIII (2ª série), Maio <strong>de</strong> 1930, p. 35 a 37 e n.º 6, ano XXIII (2ª série), Junho <strong>de</strong><br />
1930, p. 41 a 42.<br />
152<br />
―O Mercado Municipal - ouvindo opiniões‖, Ponte <strong>de</strong> Lima, em Car<strong>de</strong>al Saraiva, n.º 743, ano XVII, 13 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong><br />
1927, p. 1; ―M., A., ―O Mercado Municipal - ouvindo opiniões - o Senhor Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aurora reprova o local escolhido para o<br />
mercado‖, ibi<strong>de</strong>m, n.º 745, ano XVII, 27 <strong>de</strong> Outubro, p. 1 e 3; ―Mercado Muncipal - Nota Oficiosa‖, ibi<strong>de</strong>m, n.º 752, ano<br />
XVII, 7 <strong>de</strong> Janeiro 1928, p. 1 e 2