Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Tendências gerais da arquitectura portuguesa na primeira meta<strong>de</strong> do século XX<br />
22<br />
Capitulo 1<br />
um século XX que <strong>de</strong>morava a nascer. De um século que veria nas cida<strong>de</strong>s e na<br />
construção mo<strong>de</strong>rna as marcas irredutíveis do novo tempo.<br />
<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> concluiu o curso e fez o tirocínio no Ministério do Comércio 53 .<br />
Não nos parece que tenha tido intenção <strong>de</strong> terminar os estudos no estrangeiro, por outro<br />
lado <strong>de</strong>sconhecemos a evolução das condições económicas da sua família. De facto,<br />
enquanto proprietários agrícolas po<strong>de</strong>rão ter sido afectados pelas graves condições<br />
económicas do período da I Guerra Mundial. Por vonta<strong>de</strong> própria ou por<br />
constrangimentos económicos, <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> iniciou cedo a sua vida profissional,<br />
ingressando no serviço público logo após a fase <strong>de</strong> tirocínio. A sua formação clássica,<br />
como adiante vamos constatar, esteve sempre presente ao longo da obra que foi<br />
construindo entre rupturas e continuida<strong>de</strong>s.<br />
1.3 O nascimento da cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna: entre uma nova cultura<br />
urbana e os novos equipamentos<br />
Urbanismo é um termo recente. Na verda<strong>de</strong>, a sua primeira utilização remonta<br />
apenas a 1910, num artigo <strong>de</strong> Clerget no Boletim da Socieda<strong>de</strong> Geográfica <strong>de</strong><br />
Neufchatel 54 . Incorporando um carácter reflexivo e crítico da realida<strong>de</strong>, o urbanismo<br />
pretendia trazer uma dimensão científica para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização das cida<strong>de</strong>s,<br />
a qual os po<strong>de</strong>res públicos já sentiam, em sequência da revolução industrial.<br />
Em Portugal, o crescimento <strong>de</strong>mográfico dos centros urbanos não se fez sentir,<br />
fora <strong>de</strong> Lisboa ou do Porto, antes da década <strong>de</strong> 20 do novo século. Na verda<strong>de</strong>, se no<br />
último quartel do século XIX assistíamos à criação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> urbanização para o<br />
Campo Gran<strong>de</strong>, em Lisboa, ou às primeiras preocupações com a habitabilida<strong>de</strong> das<br />
―ilhas‖ no Porto 55 , no resto do país a cida<strong>de</strong> foi quase ficção. O processo <strong>de</strong> abertura das<br />
chamadas ―novas avenidas‖, em Lisboa, foi um marco no <strong>de</strong>senvolvimento do<br />
urbanismo entre nós, acabando por contribuir para a evolução dos centros <strong>de</strong> média<br />
dimensão na província 56 .<br />
No resto do país, os aglomerados urbanos apresentavam graves falhas ao nível<br />
das infra-estruturas, tendo crescido, quase sempre, através do prolongamento da matriz<br />
53 Veja-se capítulo 2.<br />
54 CHOAY, François, Urbanisme: Utopies et réalités, Paris, 1965.<br />
55 Costa, João Pedro, O Bairro <strong>de</strong> Alvala<strong>de</strong> – um paradigma no urbanismo português, Lisboa, Livros Horizonte, col.<br />
―Horizonte Arquitectura‖, 3ª ed., 2006, p. 13.<br />
56 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.