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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

64<br />

Capítulo 3<br />

Já se fez alusão à moradia da Quinta do Corjes, tratou-se, aliás do primeiro trabalho<br />

<strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> publicado em A Arquitectura Portuguesa. Encomendada pelo industrial<br />

Arnaldo Teixeira <strong>de</strong> Castelo Branco, essa moradia incorporou características do mo<strong>de</strong>lo<br />

―casa <strong>de</strong> lavrador‖. Como nos indica o articulista da publicação referida, seria uma<br />

segunda habitação situada no meio rural, mas bem próximo do limite urbano da Covilhã: a<br />

Quinta do Corjes.<br />

O edifício, que hoje ainda subsiste, seguiu sem gran<strong>de</strong>s alterações o traçado por<br />

<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>. Foi incluída uma água-furtada, muito provavelmente, em obra e foram<br />

acrescentadas pequenas <strong>de</strong> divisões ao piso térreo, ou ―piso das lojas‖. A disposição do<br />

espaço manifesta uma organização tradicional <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> habitação. Destarte, o piso<br />

superior era <strong>de</strong>stinado à função habitacional propriamente dita, sendo o piso térreo a<br />

funções acessórias, tais como a<strong>de</strong>ga, arrumos e garagem. Esta solução consistia no<br />

apropriar do chamado ―piso das lojas‖ da arquitectura popular, tanto para funções<br />

tradicionais (a<strong>de</strong>ga), como para novas necessida<strong>de</strong>s (garagem). A disposição da entrada<br />

principal remete-nos para a matriz <strong>de</strong> solar setecentista, com uma escada <strong>de</strong> pedra para<br />

acesso ao primeiro piso e todo um arranjo cenográfico da garagem a recordar uma<br />

plausível capela. A <strong>de</strong>coração, no entanto, era frugal, surgia nos quatro pináculos<br />

encimando a junção das empenas ou no remate dos beirados. Os motivos usados<br />

adoptavam um claro gosto tradicional, que se expressava na própria economia da<br />

<strong>de</strong>coração 244 (ver imagens 24 e 25) .<br />

Esta habitação projectada para Arnaldo Teixeira assentou num paradigma do<br />

programa arquitectónico da habitação facilmente adaptável às necessida<strong>de</strong>s técnicas dos<br />

locais ou aos gostos e às exigências da encomenda. A gran<strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong> das<br />

formulações <strong>de</strong>ntro da linguagem do mo<strong>de</strong>lo ―casa portuguesas‖, executadas por <strong>Amílcar</strong><br />

<strong>Pinto</strong>, foi, <strong>de</strong> facto, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação que <strong>de</strong>monstraram. Assegurando uma<br />

imagética própria, o mo<strong>de</strong>lo permitia, tanto a construção <strong>de</strong> diferentes tipologias<br />

habitacionais, como a incorporação <strong>de</strong> materiais ou componentes estéticas autóctones dos<br />

locais <strong>de</strong> edificação 245 .<br />

244<br />

Aliás <strong>de</strong> acordo com as orientações <strong>de</strong> Raúl Lino, na sua obra Casa Portuguesas – notas sobre o arquitectar <strong>de</strong> casa<br />

simples.<br />

245<br />

RIBEIRO, Irene, ob cit, p 114; ALMEIDA, Carlos <strong>de</strong>, Portugal arquitectura e socieda<strong>de</strong>, Lisboa, Terra Livre, 1978, p.<br />

53 a 97.

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