Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
137<br />
Capítulo 3<br />
Carvalho, utilizado no Instituto dos Pupilos do Exército 470 . O <strong>de</strong>senho da fachada principal<br />
é totalmente clássico, com frontões triangulares 471 . A mesma linguagem transparece em<br />
vários aspectos da <strong>de</strong>coração exterior e interior do imóvel, como nos pináculos do telhado<br />
ou no painel azulejar do refeitório (retratando a Última Ceia).<br />
No entanto, existem alguns aspectos on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>remos vislumbrar a transitorieda<strong>de</strong><br />
das soluções. No alçado lateral, um vasto janelão em três rectângulos ilumina a escadaria<br />
principal. No interior, as portas são <strong>de</strong>senhadas à semelhança das usadas nos cine-teatros,<br />
com o mesmo tipo <strong>de</strong> recorte e puxadores metálicos similares. Também as ca<strong>de</strong>iras do<br />
refeitório copiavam o gosto <strong>de</strong>co, das ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira do Teatro Rosa Damasceno. Nos<br />
pavimentos, em parquet, não há <strong>de</strong>coração, ou quando existe segue motivos geométricos.<br />
Por fim, a configuração das janelas dos alçados laterais, geométrica e simplificada, afasta-<br />
se fundamentalmente do classicismo da fachada principal 472 .<br />
Bastante aproximado <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo clássico na sua formulação o ―novo‖<br />
Seminário <strong>de</strong> Beja, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> integrar pequenas dissonâncias <strong>de</strong>sse ―retorno‖ quase total<br />
a mo<strong>de</strong>los tradicionais, por parte <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>. De facto, a obra que vai <strong>de</strong>senvolver na<br />
década <strong>de</strong> 40 vive sempre nesta aparente contradição. Entre uma continuida<strong>de</strong> das<br />
―tentações da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>‖ e um apelo, que se tornaria irresistível, do ―retorno ao<br />
tradicional‖. Em certa mediada, a obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> mais uma vez reflecte as<br />
tendências da arquitectura portuguesa coeva 473 .<br />
Seminário <strong>de</strong> Nossa Sr.ª <strong>de</strong> Fátima<br />
Beja<br />
Fotografia <strong>de</strong> Maria Amélia Noras<br />
Agosto 2010<br />
Imagem 71<br />
470<br />
Veja-se ―Arquitectura Tradicional Portuguesa – Edifícios Escolares – Construção da 1ª Secção dos Pupilos do<br />
Exército <strong>de</strong> Terra e Mar‖ [arquitecto Fre<strong>de</strong>rico <strong>de</strong> Carvalho], em A Arquitectura Portuguesa – revista mensal <strong>de</strong><br />
construção e arquitectura prática, Lisboa, n.º 11, ano XIX, Novembro <strong>de</strong> 1926, p. 41 a 43 e Estampa.<br />
471<br />
NORAS, José R., Fotografias do Seminário <strong>de</strong> Beja, Beja, Agosto <strong>de</strong> 2010.<br />
472<br />
I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m<br />
473<br />
LOPES, Tiago Soares e NORAS, José R., ob. cit, idbi<strong>de</strong>m; PORTAS, Nuno, A arquitectura para hoje/A evolução da<br />
arquitectura mo<strong>de</strong>rna em Portugal, prefácio Pedro Vieira <strong>de</strong> Almeida, Lisboa, Livros Horizonte, 2ª edição, 2008, p. 195<br />
a 203.