16.06.2013 Views

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Tendências gerais da arquitectura portuguesa na primeira meta<strong>de</strong> do século XX<br />

11<br />

Capitulo 1<br />

O quadro síntese da arquitectura portuguesa nos primeiros 50 anos do último<br />

século que aqui preten<strong>de</strong>mos construir, <strong>de</strong>ve ser entendido apenas como um esforço <strong>de</strong><br />

contextualização da vida e obra do arquitecto <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>. Não se preten<strong>de</strong>,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, um estudo acabado <strong>de</strong>stas problemáticas, nem o avançar <strong>de</strong> novas teses<br />

ou interpretações, tais tarefas, aliás, seriam motivo para um trabalho <strong>de</strong> investigação<br />

autónomo, implicando, obviamente, outra profundida<strong>de</strong>. Apresentamos antes uma<br />

abordagem sistemática, apoiada na historiografia que se tem vindo a <strong>de</strong>senvolver sobre<br />

o assunto, elaborada através <strong>de</strong> fontes quase exclusivamente bibliográficas, a par dos<br />

esforços <strong>de</strong>correntes da nossa própria investigação.<br />

Perscrutar a atmosfera das décadas em que viveu, estudou e trabalhou <strong>Amílcar</strong><br />

<strong>Pinto</strong>, será, neste sentido, o objectivo principal <strong>de</strong>ste capítulo. Afirmou Teixeira <strong>de</strong><br />

Pascoes: ―o Homem existindo é espaço; vivendo é tempo‖ 2 . Sentir a presença <strong>de</strong>sse<br />

tempo, <strong>de</strong>sse alvor do século XX, será sempre sentir o pulsar da vida dos seus<br />

protagonistas. Para além das lógicas estruturais, conjunturais, ou, no caso, dos<br />

paradigmas estéticos, são as vivências humanas o objecto primeiro da nossa ciência.<br />

Neste esboço, forçosamente breve, do que foram as tendências principais e os<br />

caminhos por on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolveu a nossa arquitectura, nas primeiras décadas <strong>de</strong><br />

novecentos, <strong>de</strong>finimos três vectores <strong>de</strong> análise. Em primeiro lugar, abordamos o<br />

confronto <strong>de</strong> idiossincrasias, consubstanciado no <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> paradigmas e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />

formais, o qual vez avançar a arquitectura portuguesa entre as rupturas, mais ou menos<br />

<strong>de</strong>claradas e as continuida<strong>de</strong>s assumidas. Acompanhámos as polémicas e os<br />

acontecimentos fundamentais, tendo como datas extremas 1900 e 1961. Em 1900, a<br />

vitória do projecto <strong>de</strong> Ventura Terra no concurso para a representação portuguesa na<br />

Exposição Universal <strong>de</strong> Paris fazia, <strong>de</strong> forma subtil, adivinhar o <strong>de</strong>bate constante das<br />

próximas décadas. Em 1961, a apresentação do projecto <strong>de</strong>finitivo das actuais<br />

instalações da se<strong>de</strong> e do museu da Fundação Calouste <strong>de</strong> Gulbenkian traduziria o<br />

afirmar <strong>de</strong> movimento mo<strong>de</strong>rno na plenitu<strong>de</strong> da sua força. Claro que estas balizas<br />

temporais, ou melhor, estes episódios assumem um carácter simbólico, são apenas<br />

esteios da nossa síntese, não <strong>de</strong>vendo ser entendidos como divisórias estanques <strong>de</strong><br />

qualquer análise historiográfica 3 .<br />

2<br />

PASCOES, Teixeira <strong>de</strong>, A Minha Cartilha, Edição Comemorativa do II Aniversário da Morte do Poeta, Figueira da<br />

Foz, 1954, vol. VI, p. 9<br />

3<br />

Nesta periodização seguimos as propostas <strong>de</strong> FRANÇA, José-Augusto, A arte em Portugal no século XX, Lisboa,<br />

Bertrand Editora, 1991, p. 7 a 14.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!