16.06.2013 Views

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

73<br />

Capítulo 3<br />

lojas) e aposentos diferenciados para os serviçais, por exemplo — noutras moradias, com<br />

a notória diferença <strong>de</strong> escala.<br />

«Como estilo arquitectónico foi escolhido o da época <strong>de</strong> D. João V, que se presta,<br />

pela sua severida<strong>de</strong> e ao mesmo tempo elegância das linhas, às combinações mais<br />

bizarras, dando ao conjunto um aspecto harmonioso e magnificência (…) — afirmam<br />

<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> e Fre<strong>de</strong>rico <strong>de</strong> Carvalho em A Arquitectura Portuguesa 264 . Neste sentido o<br />

―palacete‖ para António Joaquim Palma recuperava uma linguagem ainda associada ao<br />

revivalismo, agora consubstanciado no chamado ―estilo D. João V‖, enquanto salvaguarda<br />

do ―ser português‖ em resposta a in<strong>de</strong>sejáveis ―tendências <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>‖ ou <strong>de</strong><br />

―internacionalização‖ na arquitectura. Na persistência <strong>de</strong>ste programa, aqui protagonizado<br />

por <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> e Fre<strong>de</strong>rico <strong>de</strong> Carvalho, esteve sobre um lenta evolução do gosto na<br />

socieda<strong>de</strong> portuguesa, que se reflectia na encomenda das elites. Como, aliás, já o apontou<br />

Ana Tostões sustentando que muita da arquitectura produzida se mantinha fiel a uma<br />

linguagem finissecular, que ao longo dos anos 20, era referenciada a um revivalismo do<br />

<strong>de</strong>signado «estilo D. João V» 265 .<br />

3.1.1.2.2 - Um “Monte Alentejano”<br />

Concebido para Joaquim Celorico Palma — outro membro da família Palma, com<br />

activida<strong>de</strong> ligada à proprieda<strong>de</strong> fundiária no Alentejo — <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> <strong>de</strong>senha,<br />

individualmente, a habitação para um ―Monte Alentejano‖, localizado na Herda<strong>de</strong> do<br />

Montinho, entre Beja e Mértola, nas imediações da povoação <strong>de</strong> Vale do Açor <strong>de</strong> Cima 266 .<br />

A importância particular <strong>de</strong>ste projecto resulta da apropriação <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> raiz<br />

popular e regional. A terminologia ―monte alentejano‖ está associada à arquitectura <strong>de</strong><br />

matriz popular e vernácula, sem intervenção <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra especializada 267 . Por outro<br />

lado, esta terminologia foi apropriada como <strong>de</strong>signação da ―casa do lavrador‖, no quadro<br />

<strong>de</strong> uma certa tradição arquitectónica do solar. Desta forma, o edifício projectado por<br />

264 <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> e Fre<strong>de</strong>rico Carvalho citados por ―Arquitectura Tradicional Portuguesa – Casa do Sr. António Joaquim<br />

Palma na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Beja‖, em Arquitectura Portuguesa – revista mensal <strong>de</strong> construção e arquitectura prática, i<strong>de</strong>m, p.<br />

27.<br />

265 TOSTÕES, Ana, ―Arquitectura portuguesa do século XX‖ em ob. cit., vol.10, p. 20.<br />

266 Estilo tradicional português – Projecto dum «Monte alentejano» <strong>de</strong>stinado a habitação do lavrador, Ex.mo Sr. Joaquim<br />

Celorico Palma‖, em A Arquitectura Portuguesa, Lisboa, n.º 7, ano XXII, Julho <strong>de</strong> 1929, p. 54 a 56.<br />

267 Veja-se MOUTINHO, Mário C., A Arquitectura popular portuguesa, Lisboa, Ed. Estampa, col. ―Teoria da<br />

Arte‖, n.º 14, 3.ª edição, 1995.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!