Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Tendências gerais da arquitectura portuguesa na primeira meta<strong>de</strong> do século XX<br />
13<br />
Capitulo 1<br />
tendências dominavam o panorama europeu: da chamada ―arquitectura do ferro‖ ao<br />
movimento ―arts and crafts‖, os vários críticos, teóricos e artistas propunham diferentes<br />
caminhos a seguir. Nas primeiras décadas do novo século surgiram ainda outras<br />
abordagens e propostas, tais como a ―arte nova‖ ou movimento das ―artes <strong>de</strong>corativas‖ 6 .<br />
A gran<strong>de</strong> palavra <strong>de</strong> ruptura — <strong>de</strong>pois dos mais variados movimentos <strong>de</strong> vanguarda<br />
eclodirem, no contexto das diversas formas <strong>de</strong> arte — terá sido, sem gran<strong>de</strong>s dúvidas, a<br />
<strong>de</strong> Adolf Loos: ―ornamento é crime‖. Estava lançando o repto da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, estava<br />
acesa a chama do <strong>de</strong>bate profundo da arquitectura europeia. A partir daí nasciam as<br />
bases <strong>de</strong> uma nova perspectiva funcional intrínseca à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> arquitectar, a qual para<br />
sempre teria <strong>de</strong>tractores e vozes contrárias, reclamando um ―retorno do clássico‖ 7 .<br />
Atendamos agora à realida<strong>de</strong> portuguesa <strong>de</strong>sta época, no que à arquitectura diz<br />
respeito, analisando os artistas e as obras, bem como o pensamento que lhes subjaz. O<br />
ano <strong>de</strong> 1900 foi <strong>de</strong> transformação, no contexto da arquitectura entre nós, como atrás<br />
adiantámos. É o ano da expansão lisboeta nas suas ―avenidas novas‖. É o ano da criação<br />
da primeira publicação periódica <strong>de</strong>dicada exclusivamente à arquitectura: A Construção<br />
Mo<strong>de</strong>rna. É, por fim, o ano da escolha da proposta para o pavilhão <strong>de</strong> Portugal (na<br />
Exposição Universal <strong>de</strong> Paris), assinada por Ventura Terra 8 . Este projecto, eclético no<br />
controlo da escala e dos elementos clássicos 9 , contrapunha-se à proposta, remetida para<br />
segundo lugar, <strong>de</strong> Raul Lino, bastante nostálgica, num quadro da imagética nacional.<br />
Foi uma escolha que resumia o confronto do fim <strong>de</strong> século, prolongado <strong>de</strong>pois nesses<br />
alvores <strong>de</strong> novecentos: entre a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma arquitectura cosmopolita <strong>de</strong> feição<br />
beauxartiana e a busca <strong>de</strong> um suposto ―mo<strong>de</strong>lo nacional‖, ainda arreigado a<br />
pressupostos românticos 10 .<br />
Ao mesmo tempo, a aplicação arquitectónica do ferro abria novos horizontes<br />
estéticos e enfabulava os projectos grandiosos <strong>de</strong> uma geração (como por exemplo as<br />
propostas para uma ponte sobre o Tejo ou para o túnel em direcção ao Seixal) 11 . O<br />
elevador <strong>de</strong> Santa Justa (projecto do engenheiro francês Mesnier <strong>de</strong> Ponsard) foi uma<br />
das gran<strong>de</strong>s obras <strong>de</strong>ste tempo, potenciando esse optimismo acerca dos benefícios da<br />
6<br />
PEVSNER, Nikolaus, The Sources of Mo<strong>de</strong>rn Achitecture and Design, London, Thames and Hudson, col. ―World<br />
of Art‖, reprinted 1995, p. 15 a 30.<br />
7<br />
Veja-se: ZEVI, Bruno, Linguagem mo<strong>de</strong>rna da arquitectura – guia ao código anti-clássico, trad. <strong>de</strong> Margarida<br />
Periquito, Lisboa, Edições 70, col. ―Arquitectura & Urbanismo‖, n.º 6, Novembro, 2002<br />
8<br />
TOSTÕES, Ana, ob cit. , p. 8 a 10.<br />
9<br />
Cit. TOSTÕES, Ana, ob cit. , p. 9.<br />
10<br />
I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m; FRANÇA, José-Augusto, A arte em Portugal no século XX, Lisboa, Bertrand Editora, 1991, p. 225 a<br />
260.<br />
11 TOSTÕES, Ana, i<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m., p.11.