Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
116<br />
Capítulo 3<br />
Mo<strong>de</strong>rna‖ ou ―Café Progresso‖, são alguns exemplos. Não obstante, a <strong>de</strong>signação ―Café<br />
Central‖ terá sido a que mais se popularizou e disseminou, estando hoje bem presente em<br />
múltiplas localida<strong>de</strong>s. Devemos ter em linha <strong>de</strong> conta que nem sempre estes ―cafés<br />
centrais‖ apelavam ao mo<strong>de</strong>rno para além da <strong>de</strong>signação, aliás, só em <strong>de</strong>terminados locais,<br />
sobretudo pequenos e médios centros urbanos com elites culturais <strong>de</strong>senvolvidas, houve da<br />
parte dos proprietários reais tentativas <strong>de</strong> actualização arquitectónica 390 .<br />
O Café Central <strong>de</strong> Santarém foi um exemplo paradigmático. Tratou-se <strong>de</strong> uma<br />
intervenção sobre espaço pouco qualificado numa das ―novas ruas‖ <strong>de</strong> Santarém. A cida<strong>de</strong><br />
crescia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> da primeira década do século XX. A <strong>de</strong>samortização dos terrenos outrora<br />
pertencentes às or<strong>de</strong>ns religiosas permitia, progressivamente, que o núcleo urbano<br />
extravasasse os limites medievais e ao mesmo tempo que as populações <strong>de</strong>senvolvessem<br />
mo<strong>de</strong>rnos conceitos <strong>de</strong> urbanismo. Nos finais dos anos 20, a nova rua Guilherme <strong>de</strong><br />
Azevedo rompia o <strong>de</strong>senho atravancado do casco medieval, permitindo a circulação<br />
automóvel e construção <strong>de</strong> novos equipamentos 391 . Neste arruamento mo<strong>de</strong>rnizado, o Café<br />
Central, projectado por <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, nascia da ocupação do espaço <strong>de</strong> uma antiga<br />
confeiteira <strong>de</strong> feição oitocentista 392 .<br />
Inaugurado em Abril <strong>de</strong> 1937, este Café Central 393 ainda hoje (apesar <strong>de</strong> estar<br />
encerrado há cerca <strong>de</strong> seis anos) ocupa a memória colectiva dos escalabitanos, como<br />
espaço <strong>de</strong> conspiração política, <strong>de</strong> tertúlia ou <strong>de</strong> vivência cultural. Há alguns dias que a<br />
390 FERNANDES, José Manuel, ―A cida<strong>de</strong> e as serras: urbanida<strong>de</strong> da arquitectura mo<strong>de</strong>rnista‖, ibi<strong>de</strong>m.<br />
391 ―Um projecto‖, em Correio da Extremadura, Santarém, n.º 2391, 24 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1937, p.1.; CUSTÓDIO, Jorge<br />
(coord) et al, Santarém Cida<strong>de</strong> do Mundo (candidatura da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santarém a património Mundial da UNESCO),<br />
Santarém, Câmara Municipal <strong>de</strong> Santarém, 199, vol. 2, p. 125 a 215.<br />
392 ―Hotel Central‖, em Correio da Extremadura, ano 50, n.º 2560, 25 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1940, p. 3.<br />
393 Ver ficha <strong>de</strong> inventário 937.STR.01.<br />
Café Central<br />
Santarém<br />
Fotografia <strong>de</strong> José Manuel Fernan<strong>de</strong>s<br />
1980<br />
Imagem 59