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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

144<br />

Capítulo 3<br />

Na realida<strong>de</strong>, esses espaços <strong>de</strong> uma ―rádio mo<strong>de</strong>rna‖ estavam encerrados num edifício <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senho clássico, muito próximo, como se viu, dos tratados <strong>de</strong> Serlio 500 . O contrário<br />

também aconteceu, existiram alguns edifícios mo<strong>de</strong>rnos com uma <strong>de</strong>coração interior mais<br />

clássica ou convencional, no entanto, pelo menos durante a década <strong>de</strong> 30, essa foi a<br />

excepção.<br />

No que toca à habitação, os processos <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> gosto foram mais lentos,<br />

tanto que hoje em dia os paradigmas clássicos ainda subsistem. Se avaliarmos<br />

correctamente o parque imobiliário nacional, no contexto da habitação unifamiliar,<br />

verificamos a persistência <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los tradicionais — situação a que a obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong><br />

<strong>Pinto</strong> não foi alheia — século XX a<strong>de</strong>ntro, no que se processou como uma lenta alteração<br />

do gosto e vagarosa transformação <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>s. A mesma situação se reflecte no<br />

interior <strong>de</strong>ssas moradias, com recorrente recurso azulejos historiados (ou <strong>de</strong> figura avulsa),<br />

associados ao mobiliário <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho clássico 501 . Foi neste contexto que se materializou a<br />

obra <strong>de</strong>corativa <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>.<br />

<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, pelo que hoje conhecemos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo <strong>de</strong>senvolveu activida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senho <strong>de</strong> interiores. Sabemos que logo após o fim dos estudos (ou até ainda nos últimos<br />

anos da sua formação) trabalhou para a firma Carpintaria Mecânica Portuguesa, na qual<br />

terá <strong>de</strong>senvolvido vários trabalhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração e <strong>de</strong> construção 502 (ainda não<br />

i<strong>de</strong>ntificados).<br />

As suas primeiras obras conhecidas, na Covilhã, têm actualmente o interior bastante<br />

alterado. Na quinta do Corjes, por exemplo, existia um friso <strong>de</strong> azulejos interior,<br />

provavelmente <strong>de</strong>corado com motivos florais, entretanto substituídos por outro <strong>de</strong> gosto<br />

mais contemporâneo em pririte. Todo o mobiliário original já <strong>de</strong>sapareceu. Dessa primeira<br />

fase (<strong>de</strong>finida no início do capítulo) da obra do arquitecto sobressaí a moradia para<br />

Joaquim Palma. O interior foi concebido num paradigma tradicional, procurando criar a<br />

ambiência <strong>de</strong> um palacete. O <strong>de</strong>senho dos móveis é <strong>de</strong> gosto romântico, a sala <strong>de</strong> jantar e a<br />

capela estão revestidas com azulejos em lambris <strong>de</strong>corativos ostentando motivos florais.<br />

Um <strong>de</strong>sses gran<strong>de</strong>s lambris <strong>de</strong> azulejos existe no hall <strong>de</strong> entrada e continua acompanhando<br />

500 Veja-a a ficha <strong>de</strong> inventário 933.LSB.03 e ―A Emissora Nacional como é por <strong>de</strong>ntro - A técnica <strong>de</strong> Barcarena e os<br />

Estúdios do Quelhas‖, em Rádio Semanal, sup. do Jornal do Comércio e das Colónias, Lisboa, n.º 24497, ano 82, 27 <strong>de</strong><br />

Julho <strong>de</strong> 1935, p. 16,17 e 32.<br />

501 SANTOS, Rui Afonso, ob. cit., ibi<strong>de</strong>m.<br />

502 ―A nossa homenagem aos constructores do Seminário Diocesano - a acção do Arquitecto <strong>Amílcar</strong> da Silva <strong>Pinto</strong>‖<br />

[Entrevista com <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>] em O Nosso Seminário ano VII, sup. intercalar <strong>de</strong> Notícias <strong>de</strong> Beja, Beja, ano XIV, n.º<br />

659, 12 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1940, páginas centrais.

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