Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
119<br />
Capítulo 3<br />
Central <strong>de</strong> Santarém, mas o néon foi substituído pela mais costumeira pintura na varanda<br />
do piso superior. A ligação ao Cine-Teatro foi, todavia, o aspecto mais importante <strong>de</strong>sta<br />
obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, permitindo <strong>de</strong>senvolvimento da fruição social <strong>de</strong> ambos os espaços.<br />
Na verda<strong>de</strong>, o Café Império e o Cine-Teatro <strong>de</strong> Almeirim, traduziram uma forma <strong>de</strong> pensar<br />
a cida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> recriar os novos espaços urbanos, constante neste período na obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong><br />
<strong>Pinto</strong> 402 .<br />
3.2.4 – Os cine-teatros da província e “a estética do nosso tempo”<br />
Os cine-teatros constituíram um equipamento ícone do tempo mo<strong>de</strong>rno. De facto,<br />
estes equipamentos que materializavam a conciliação dos espectáculos <strong>de</strong> cinema e <strong>de</strong><br />
teatro num único edifício 403 começaram a ser produzidos, em Portugal, a partir dos finais<br />
da década <strong>de</strong> 20. A construção — ou adaptação <strong>de</strong> um velho teatro a novas funções —<br />
parecia constituir <strong>de</strong>sígnio colectivo das diversas ―cida<strong>de</strong>s e vilas da província‖, pelo que<br />
esta tipologia vai surgindo um pouco por todo o território português a partir da década <strong>de</strong><br />
20 e <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> novecentos. Na verda<strong>de</strong>, a própria legislação da época acaba por reconhecer<br />
preocupações com os cine-teatros, no bem conhecido <strong>de</strong>creto 13564 <strong>de</strong> 1927 404 . Neste<br />
documento legal foram expressas regras para o bom funcionamento das salas, sendo<br />
também criadas exigências quanto à segurança, à higiene e ao conforto <strong>de</strong>stes espaços <strong>de</strong><br />
espectáculo e, por fim, entregue a sua fiscalização a uma entida<strong>de</strong> pública: a Inspecção<br />
<strong>Geral</strong> <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong> Culturais (IGAC). 405<br />
A criação <strong>de</strong>stes cine-teatros ―avançados‖, — ou, fazendo uso <strong>de</strong> outra expressão<br />
jornalística da época, <strong>de</strong>ssas salas <strong>de</strong> espectáculo a<strong>de</strong>quadas ―à estética do nosso tempo‖ —<br />
<strong>de</strong>rivava da evolução tecnológica e ao mesmo tempo <strong>de</strong> nova estética no campo da<br />
arquitectura <strong>de</strong> cinemas, ou melhor da projecção <strong>de</strong> espaços para a fruição do cinema 406 . O<br />
projecto <strong>de</strong> Cassiano Branco para o É<strong>de</strong>n Teatro — e toda a polémica que o envolveu —<br />
parece ter sido pedra <strong>de</strong> toque no <strong>de</strong>bate arquitectónico da época, acerca do <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />
402<br />
LOPES, Tiago Soares e NORAS, José R., ob. cit., i<strong>de</strong>m.<br />
403<br />
PEIXOTO da SILVA, Susana Constantino, Arquitectura <strong>de</strong> Cine Teatros Evolução e Registos [1927-1959] –<br />
equipamentos <strong>de</strong> cultura e <strong>de</strong> lazer em Portugal no Estado Novo, <strong>Coimbra</strong>, Edições Almedina/Centro <strong>de</strong> <strong>Estudo</strong>s Sociais<br />
da FEUC, col. ―Série Cida<strong>de</strong>s e Arquitectura‖, n.º 02, Abril <strong>de</strong> 2010, p. 12<br />
404<br />
Decreto-Lei 13/564, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1927.<br />
405<br />
I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />
406<br />
LOPES, Tiago Soares, O Teatro Rosa Damasceno <strong>de</strong> Santarém – significados <strong>de</strong> uma intervenção, prova final em<br />
Arquitectura apresentada à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitectura da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> do Porto, Porto FAUP, Setembro 2008<br />
[Policopiado]