Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
68<br />
Capítulo 3<br />
No mesmo ano da inauguração da Escola Primária <strong>de</strong> Ficalho — da qual já <strong>de</strong>mos<br />
nota —, surgiram nas páginas <strong>de</strong> A Arquitectura Portuguesa os alçados e as plantas do<br />
―palacete‖ para António Joaquim Palma, situado na Rua Jacinto Freire <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, em<br />
Beja — cujas particularida<strong>de</strong>s estilísticas e idiossincráticas justificam uma análise<br />
autónoma, mais adiante.<br />
Entretanto, também em Beja, foi construído um prédio na Rua <strong>de</strong> Mértola, sob<br />
encomenda <strong>de</strong> Francisco Romana e <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> 250 . O <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
fachada aproxima-se <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo clássico adaptado a um programa <strong>de</strong> prédio <strong>de</strong><br />
rendimento, com superfícies comerciais no rés-do-chão. As dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implantação<br />
reflectidas numa planta <strong>de</strong> geometria original atestam a versatilida<strong>de</strong> técnica <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong><br />
<strong>Pinto</strong>. O aparelho na fachada das lojas e o entablamento das portas assumem uma<br />
linguagem clássica, já o revestimento a azulejo relembra os edifícios oitocentistas da<br />
mesma tipologia 251 . O remate do telhado do imóvel construído, contudo, parece apontar<br />
alternativas e fazer supor o contacto do arquitecto com outras escolas e tendências. Nem<br />
esse <strong>de</strong>senho, nem a utilização <strong>de</strong> ―betão aparente‖, nem tão pouco a volumetria (<strong>de</strong> mais<br />
dois pisos) correspon<strong>de</strong>m ao <strong>de</strong>buxo publicado. Não po<strong>de</strong>mos saber, porque não existem<br />
fontes, se as alterações foram feitas em fase <strong>de</strong> planeamento, em obra ou, ainda, se<br />
resultaram <strong>de</strong> modificações posteriores.<br />
Também <strong>de</strong>stinada à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Beja, assinada por <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, foi publicado em<br />
1930, uma proposta <strong>de</strong> adaptação duma velha construção abarracada a uma boa casa <strong>de</strong><br />
moradia 252 . Tratava-se da ampla requalificação <strong>de</strong> um espaço, provavelmente, <strong>de</strong><br />
armazenagem e agora <strong>de</strong>stinado a moradia. A moradia era dotada <strong>de</strong> cave, com entrada<br />
autónoma, por via do <strong>de</strong>snível do terreno, on<strong>de</strong> dispunha <strong>de</strong> divisões <strong>de</strong> arrumos e a<strong>de</strong>ga.<br />
No piso habitacional, por assim dizer, a copa, a cozinha e o quarto da criada tinham um<br />
corredor autónomo estando isolados do resto da habitação — todavia, a criadagem<br />
partilhava as instalações sanitárias principais provavelmente <strong>de</strong>vido a economia <strong>de</strong> espaço.<br />
Numa das alas da moradia dispunham-se os quartos e na outra as diversas salas e o<br />
escritório. A sala <strong>de</strong> jantar e a sala <strong>de</strong> estar davam a acesso a um terraço coberto triangular,<br />
250 ―Arquitectura Tradicional Portuguesa – (…) Ante-projecto para a transformação <strong>de</strong> uma casa velha existente na rua<br />
<strong>de</strong> Mértola, em Beja, pertencente ao Sr. Francisco Romana‖ [arquitectos <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> e Fre<strong>de</strong>rico <strong>de</strong> Carvalho], em ob<br />
cit., i<strong>de</strong>m, p. 2,3 e Estampa<br />
251 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />
252 ―Adaptação duma velha construção abarracada a uma boa casa <strong>de</strong> moradia em Beja‖, em Arquitectura Portuguesa –<br />
revista mensal <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong> arquitectura prática, Lisboa, n.º 3, ano XXIII (2ª série), Março <strong>de</strong> 1930, p. 17 a 18.<br />
Não conseguimos localizar o imóvel, tanto quando nos foi possível investigar a autarquia <strong>de</strong> Beja não tem registos da sua<br />
construção, no entanto, po<strong>de</strong>r-se-á tratar da casa para José Gomes Pulido Garcia ver ficha <strong>de</strong> inventário 930.BEJ.03.P