Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
85<br />
Capítulo 3<br />
— empresário ligado às importações e exportações, com negócios na Alemanha —, estava<br />
inserida na célula 4 do plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbana do bairro. O imóvel contudo, à<br />
semelhança <strong>de</strong> outros aí construídos, não se enquadra em nenhum dos 9 tipos moradias<br />
económicas, propostos para aquela zona do bairro. Como lhe era exigido legalmente,<br />
cumpre com a volumetria <strong>de</strong> dois pisos e com outras disposições técnicas relativas à<br />
implantação e ao recurso a elementos construtivos simplificados. Na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> qualquer<br />
forma o ―mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>‖ integrava-se perfeitamente na zona <strong>de</strong> habitação<br />
unifamiliar do ―novo bairro <strong>de</strong> Alvala<strong>de</strong>‖.<br />
No caso <strong>de</strong> Santarém, a moradia planeada por <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, correspon<strong>de</strong>ndo à<br />
encomenda <strong>de</strong> Manuel Antunes Men<strong>de</strong>s — engenheiro civil ao serviço do Estado —,<br />
situa-se no bairro <strong>de</strong> São Bento. Este bairro scalabitano resultou da expansão da cida<strong>de</strong><br />
para uma zona ―fora <strong>de</strong> muros‖, na terminologia medieval, para lá <strong>de</strong> duas gran<strong>de</strong>s<br />
construções monásticas que <strong>de</strong>limitavam os arrabal<strong>de</strong>s da antiga vila santarena (São<br />
Francisco e Santa Clara). A urbanização ou bairro <strong>de</strong> São Bento também teve mão da<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar do ministro Duarte Pacheco, os trabalhos <strong>de</strong> projecção urbanística<br />
<strong>de</strong>veram-se a João Aguiar. O bairro apresenta uma planta radial, dispondo os arruamentos<br />
e as habitações em torno <strong>de</strong> um espaço <strong>de</strong> lazer central (baseado na antiga eira da quinta <strong>de</strong><br />
São Bento), sendo transversal atravessado por uma avenida. No topo oeste do bairro<br />
localiza-se o Liceu Sá Ban<strong>de</strong>ira, cuja construção foi coeva do <strong>de</strong>senvolvimento urbano <strong>de</strong><br />
São Bento 299 .<br />
Estes dois casos representaram a repetição do mo<strong>de</strong>lo e da linguagem construtiva<br />
utilizados em Gouveia. No entanto, assistimos também a um aperfeiçoamento das<br />
dinâmicas <strong>de</strong>corativas numa lógica <strong>de</strong> simplificação. Na porta da entrada, <strong>de</strong>sapareceu<br />
tanto o arco semi-circular, como o nicho envolvente. Desprovidas <strong>de</strong> maior aparato as<br />
portas possuíam apenas ombreiras e uma trave em granito, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho simplificado, mas<br />
com marcação tradicional. Nas janelas, tanto em São Bento (Santarém), como em<br />
Alvala<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>senho dos peitoris, das ombreiras e das traves obe<strong>de</strong>cia a um esquema <strong>de</strong><br />
duas or<strong>de</strong>ns consoante o piso, reforçando a horizontalida<strong>de</strong> das moradias. Os elementos<br />
<strong>de</strong>corativos repetem-se nos três projectos, com predomínio <strong>de</strong> pequenos pináculos, <strong>de</strong><br />
janelas em óculo, bem como <strong>de</strong> chaminés características com um <strong>de</strong>senho regionalista.<br />
299 Sobre o processo <strong>de</strong> urbanização <strong>de</strong> São Bento vej-ase CUSTÓDIO, Jorge (coord), Santarém cida<strong>de</strong> do<br />
mundo…,i<strong>de</strong>m, vol. 1, 252 a 270; ―Na era do engran<strong>de</strong>cimento nacional a urbanização do planalto <strong>de</strong> S. Bento cujas<br />
grandiosas linhas são da iniciativa do Sr. Ministro das Obras Públicas‖, em Correio da Extremadura”, Santarém, ano 49,<br />
n.º 2532, 11 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1939, p. 1.