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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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Desenhos <strong>de</strong> uma vida: o percurso biográfico <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

42<br />

Capítulo 2<br />

O caso <strong>de</strong> Santarém foi paradigmático, e bastante ilustrativo da relação que <strong>Amílcar</strong><br />

<strong>Pinto</strong> manteve com esta cida<strong>de</strong>. A já referida estação <strong>de</strong> correios <strong>de</strong> Santarém, inaugurada em<br />

Março <strong>de</strong> 1938, constituiria, juntamente com o Café Central e com o Teatro Rosa Damasceno<br />

— ou até com outros trabalhos posteriores 153 — um eixo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> nesse quadro <strong>de</strong><br />

renovação do espaço citadino.<br />

Por exemplo, Café Central, inaugurado em Abril <strong>de</strong> 1937, ainda hoje é relembrado<br />

como espaço <strong>de</strong> conspiração política, <strong>de</strong> tertúlia ou <strong>de</strong> vivência cultural. Há alguns dias que a<br />

fachada está a <strong>de</strong>scoberto sendo motivo geral <strong>de</strong> admiração as suas linhas mo<strong>de</strong>rnas 154 ,<br />

palavras bem expressivas do articulista quando da inauguração do espaço. No entanto, à<br />

época, na urbe escalabitana falharam outras tentativas <strong>de</strong> intervenção no espaço urbano 155<br />

Os <strong>de</strong>safios da cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna eram feitos ora <strong>de</strong> recuos, ora <strong>de</strong> progressos. Em<br />

Santarém, a mesma população que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u o jardim romântico — ou até a Torre das<br />

Cabaças — <strong>de</strong>slumbrava-se com o Café Central e ia à matinée no mo<strong>de</strong>rníssimo Teatro Rosa<br />

Damasceno. Neste cenário escalabitano, para além do <strong>de</strong>stacado papel <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> entre<br />

outros — como João Aguiar ou Rodrigues Lima, por exemplo —, salienta-se a importância da<br />

iniciativa privada nessa abertura à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Exceptuando a gorada renovação do Jardim<br />

da República e a estação dos CTT, as obras que mencionámos foram originadas pela<br />

encomenda privada. Esta iniciativa, ligada a uma burguesia local ilustrada e com relações<br />

culturais com Lisboa, preten<strong>de</strong>u reproduzir na província, com as linhas mo<strong>de</strong>rnas da estética<br />

do nosso tempo 156 , os espaços e os ambiente culturais dos gran<strong>de</strong>s centros urbanos 157 .<br />

Também no caso <strong>de</strong> Gouveia, já nos anos 40, a intervenção <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> na vila<br />

— foram <strong>de</strong> sua responsabilida<strong>de</strong> o Teatro-Cine 158 e o Hotel Gouveia 159 — esteve relacionada<br />

com a iniciativa particular: mais concretamente, com a figura <strong>de</strong> António Lopes da Costa 160 ,<br />

industrial dos lanifícios apostado no <strong>de</strong>senvolvimento da sua terra. De significativa<br />

importância artística foi o Teatro Cine — o qual adiante analisaremos em <strong>de</strong>talhe —,<br />

153 Como por exemplo a antigo Hotel e Pastelaria Abidis (1944) ou mais a estação <strong>de</strong> serviço da SACOR (1965).<br />

154 ―Melhoramentos citadinos – inaugura-se hoje o novo Café Central‖, em O Correio da Extremadura, Santarém, ano 47, n.º<br />

2398, 17 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1937, p.2.<br />

155 Referimo-nos à remo<strong>de</strong>lação do Jardim da República, veja-se: PINTO, <strong>Amílcar</strong>, ―Transformação do Jardim da Republica<br />

– memória <strong>de</strong>scritiva e justificadora‖, Correio da Extremadura, Santarém, n.º 2419, 11 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1937, p. 6<br />

156 Expressão do articulista em ―Teatro Rosa Damasceno – a sua remo<strong>de</strong>lação‖, Correio da Extremadura, Santarém, n.º 2391,<br />

27 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1937, p. 2<br />

157 FERNANDES, José Manuel, ―A cida<strong>de</strong> e as serras: urbanida<strong>de</strong> da arquitectura mo<strong>de</strong>rnista‖ em ob. cit., p. 105 – 115;<br />

LOPES, Tiago Soares; NORAS, José R., ―<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, o arquitecto na província‖, em Monumentos, n.º 29 [no prelo].<br />

158 ―Inaguração do Teatro-Cine, <strong>de</strong>correu com maior brilhantismo, tendo-se associado a ela o sr. Dr. Cirne <strong>de</strong> Castro, ilustre<br />

Governador Civil do nosso Distrito‖, em Notícias <strong>de</strong> Gouveia, Gouveia, ano XXIX, n.º 1267, 15 <strong>de</strong> Novembro, p.1 e 2<br />

159 ―Gouveia em Festa - A inauguração do Gouveia-Hotel‖, i<strong>de</strong>m, n.º 1291, 9 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1943, p.1 e 2<br />

160 ―Obras em Gouveia l‖, in Notícias <strong>de</strong> Gouveia, Gouveia, ano XXVIII, n.º 1228,18 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1942, p.1 e S., C.,<br />

―Gouveia e o seu progresso‖, i<strong>de</strong>m, ano XXIX, n.º 1242, 10 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1942, p.1. Sobre a família Lopes da Costa veja-se<br />

AMARAL, Abílio Men<strong>de</strong>s do, Eduardo Lopes da Costa – apontamento lido na sessão <strong>de</strong> homenagem à sua memória lido a<br />

1 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1975, Lisboa, Impretipo, Julho 1975.

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