Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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Desenhos <strong>de</strong> uma vida: o percurso biográfico <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
43<br />
Capítulo 2<br />
implantado num terreno agricultado e que, veio a <strong>de</strong>finir uma área <strong>de</strong> expansão da urbana da<br />
localida<strong>de</strong>.<br />
Em Almeirim, a ligação entre o Cine Teatro e o Café Império, quase unidos no mesmo<br />
edifício, confirma a continuida<strong>de</strong> e a interligação entre este tipo <strong>de</strong> estruturas. Esta<br />
perspectiva da utilização plural do espaço urbano e do encontro social assumiu-se como tema<br />
da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. 161<br />
Será ainda digno <strong>de</strong> referência o plano <strong>de</strong> urbanização para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Luanda. Em<br />
1934, no quadro <strong>de</strong> um concurso interno no então Sindicato Nacional <strong>de</strong> Arquitectos (SNA),<br />
um grupo <strong>de</strong> profissionais propôs-se realizar um projecto <strong>de</strong> urbanismo para aquela cida<strong>de</strong><br />
ultramarina. O grupo era constituído por Jorge Segurado, Carlos Ramos, J. C. Ferreira da<br />
Costa, C. Rebelo <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> 162 . Devido a contratempos diversos e a falhas<br />
da organização do SNA, a empreitada acabou por ser concessionada a engenheiros<br />
franceses. 163 Exceptuando documentação administrativa, os estudos iniciais <strong>de</strong> tal proposta <strong>de</strong><br />
urbanização não chegaram até nós. No entanto, observamos que as preocupações urbanísticas<br />
se estendiam até ao espaço colonial e que toda uma geração <strong>de</strong> arquitectos as partilhava,<br />
construído aqui e ali, em muitos espaços, um conceito <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna. Certamente não foi<br />
um conceito ou, se quisermos, um i<strong>de</strong>al dogmático, mas antes aberto a múltiplas soluções e<br />
diversas experiências. De facto, progressivamente, a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> afirmou-se na varieda<strong>de</strong><br />
dos programas, das técnicas ou dos temas adoptadas, para além das i<strong>de</strong>ologias e dos<br />
mo<strong>de</strong>los 164 .<br />
<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, nas décadas <strong>de</strong> 30 e 40, acompanhou, como protagonista, essa marcha<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbano, que passo a passo ia atravessando as nossas cida<strong>de</strong>s e vilas. A<br />
inscrição, que anteriormente <strong>de</strong>mos conta, nas ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> ―Urbanologia‖ e ―Projectos e obras<br />
<strong>de</strong> urbanização‖ (na EBAL como aluno extraordinário, em 1945), certamente esteve<br />
relacionada com este tipo <strong>de</strong> preocupações. Não nos esqueçamos <strong>de</strong> que, se na província e nas<br />
colónias se davam os primeiros passos — rasgando novas avenidas, criando infra-estruturas<br />
<strong>de</strong> raiz —, em Lisboa o novo Bairro <strong>de</strong> Alvala<strong>de</strong> nascia e <strong>de</strong>senvolvia-se como pedra <strong>de</strong> toque<br />
do urbanismo português 165 .<br />
161<br />
FERREIRA, Ulisses Pina, Cine Teatro <strong>de</strong> Almeirim e as coincidências - pequena achega para a compreensão <strong>de</strong>ste<br />
edifício cultural, Almeirim, Câmara Municipal <strong>de</strong> Almeirim, 2005.<br />
162<br />
RIBEIRO, Ana Isabel <strong>de</strong> Melo, Arquitectos portugueses: 90 anos <strong>de</strong> vida associativa 1863 – 1953, Porto, FAUP Edições,<br />
2002, p. 360<br />
163<br />
I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />
164<br />
COSTA, João Pedro, O Bairro <strong>de</strong> Alvala<strong>de</strong> – um paradigma no urbanismo português, Lisboa, Livros Horizonte, 3ª ed.,<br />
2006, 9 a 22.<br />
165 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.