16.06.2013 Views

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Tendências gerais da arquitectura portuguesa na primeira meta<strong>de</strong> do século XX<br />

18<br />

Capitulo 1<br />

po<strong>de</strong>ria contribuir para o <strong>de</strong>sejado ―aportuguesamento da arquitectura‖; para outros<br />

<strong>de</strong>veria <strong>de</strong>monstrar o vazio <strong>de</strong> conteúdo real subjacente ao argumentário dos <strong>de</strong>fensores<br />

<strong>de</strong> um ―mo<strong>de</strong>lo nacionalista‖ 37 .<br />

Novamente o <strong>de</strong>bate continuava entre resistências e vanguardas. A década <strong>de</strong> 50<br />

trouxe novas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> actuação no quadro do <strong>de</strong>senvolvimento urbano <strong>de</strong><br />

Lisboa. Ao mesmo tempo os CIAM (Congressos Internacionais <strong>de</strong> Arquitectura<br />

Mo<strong>de</strong>rna), baseados formalmente no «estilo internacional» e i<strong>de</strong>ologicamente no<br />

funcionalismo 38 iam tendo um impacto cada vez maior entre nós. O <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

bairro <strong>de</strong> Alvala<strong>de</strong>, integrado num projecto <strong>de</strong> expansão urbana <strong>de</strong> origem municipal,<br />

trazia novida<strong>de</strong> do ponto <strong>de</strong> vista da concepção da habitação colectiva, bem como do<br />

próprio pensamento urbanístico. Neste contexto, será um exemplo paradigmático o<br />

conhecido ―bairro das estacas‖, construído entre 1949 e 1954, resultante do <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />

Formosinho Sanchez e <strong>de</strong> Rui Jervis d’Athouguia 39 . Projectos similares, sem a mesma<br />

envergadura, viriam a ser <strong>de</strong>senvolvidos no resto do país. Nestes anos 50, a arquitectura<br />

portuguesa beneficiava do amadurecimento profissional <strong>de</strong> outra ―nova geração‖ <strong>de</strong><br />

arquitectos (nascidos entre as décadas <strong>de</strong> 20 e <strong>de</strong> 30), que agora se propunha <strong>de</strong>sfiar<br />

mo<strong>de</strong>los e problematizar soluções. No final <strong>de</strong> década inicia-se, à semelhança <strong>de</strong><br />

Alvala<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>senvolvimento urbano do bairro dos Olivais em Lisboa 40 .<br />

A ―gloriosa década‖ <strong>de</strong> 60 foi marcada por dois acontecimentos fundamentais na<br />

arquitectura coeva: a publicação do Inquérito à Arquitectura Popular (1961) e a<br />

apresentação pública do projecto para o edifício se<strong>de</strong> da Fundação Calouste <strong>de</strong><br />

Gulbenkian 41 . Os resultados do Inquérito (<strong>de</strong> que ainda só tinha sido editado um<br />

primeiro volume) foram bastante concretos. Não existia, objectivamente, um ―estilo<br />

genuinamente português‖, havia afinal tantas «tradições» quanto regiões 42 . Aliás, o<br />

estudo permitiria ainda verificar que a arquitectura popular se baseava na economia <strong>de</strong><br />

meios, na a<strong>de</strong>quação dos espaços ao clima e na a<strong>de</strong>quação das técnicas ao programa<br />

37 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, p. 201;<br />

38 TOSTÕES, Ana, ob cit, p. 32.<br />

39 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, p. 33 a 35. Sobre o <strong>de</strong>senvolvimento urbano do bairro <strong>de</strong> Alvala<strong>de</strong> veja-se: COSTA, João Pedro, O<br />

Bairro <strong>de</strong> Alvala<strong>de</strong> – um paradigma no urbanismo português, Lisboa, Livros Horizonte, col. ―Horizonte<br />

Arquitectura‖, 3ª ed., 2006.<br />

40 PORTAS, Nuno, ob cit., p. 206 a 210 e TOSTÕES, Ana, ob cit, p. 42. Veja-se ainda sobre este período da<br />

arquitectura portuguesa: TOSTÕES, Ana Os Ver<strong>de</strong>s Anos na arquitectura portuguesa dos anos 50, Porto, FAUP<br />

edições, col. ―Série 2 Argumentos‖, n.º 1, 1997.<br />

41 FRANÇA, José Augusto, ob. cit., p. 11<br />

42 PORTAS, Nuno, ob cit., p 201.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!