Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
58<br />
Capítulo 3<br />
Ponte <strong>de</strong> Lima 222 : os projectos <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Hotel e <strong>de</strong> Casino para as termas <strong>de</strong> São Pedro<br />
do Sul 223 ou, ainda, a concepção <strong>de</strong> um asilo para raparigas em Serpa 224 . Nestes casos,<br />
sobretudo no <strong>de</strong> Ponte <strong>de</strong> Lima, já se ia perspectivando uma nova forma <strong>de</strong> intervir sobre o<br />
contexto urbano na província.<br />
Propomos agora — antes <strong>de</strong> uma apreciação em particular das obras mais<br />
marcantes — uma súmula <strong>de</strong>sses equipamentos obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> neste período. No<br />
capítulo anterior, já analisamos duas escolas primárias da autoria <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>: a<br />
Escola Primária <strong>de</strong> Vila Ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ficalho e a Escola Primária das Azenhas do Mar 225 .<br />
Ambos se relacionam com um mo<strong>de</strong>lo tradicionalista da arquitectura, sendo que o primeiro<br />
caso representou a adaptação local <strong>de</strong> um projecto-tipo <strong>de</strong> escola primária 226 . Como se viu,<br />
a Escola das Azenhas do Mar incorporou maior especificida<strong>de</strong>, manifestando outra<br />
exuberância construtiva, bem como um aprimorado cuidado na <strong>de</strong>coração (por exemplo,<br />
com o recurso a painéis azulejares). Toda a concepção do edifício traduziu um mo<strong>de</strong>lo com<br />
influências regionalistas, já muito próximo das futuras propostas <strong>de</strong> Raúl Lino e <strong>de</strong><br />
Rogério <strong>de</strong> Azevedo, nesta tipologia 227 .<br />
Os dois pavilhões <strong>de</strong> aulas para o IMPE 228 , encomendados à dupla <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> e<br />
Fre<strong>de</strong>rico <strong>de</strong> Carvalho, po<strong>de</strong>m ser associados a essa realida<strong>de</strong> da arquitectura escolar. Estas<br />
construções têm especificida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>correntes da sua função militar, que exigiu a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação a diferentes tipos <strong>de</strong> sessão lectiva. Assim, são pavilhões amplos,<br />
facilmente conversíveis <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula em ginásio improvisado (ou até em sala própria<br />
para práticas oficinais), a fenestração, com janelas amplas em semi-círculo, permitia um<br />
uso profícuo da iluminação natural. Nos alçados, o remate dos telhados recorria a motivos<br />
<strong>de</strong>corativos militares convivendo com a simplicida<strong>de</strong> austera do conjunto. Essa <strong>de</strong>coração<br />
222 ―Mercado Municipal <strong>de</strong> Ponte <strong>de</strong> Lima‖, em Arquitectura Portuguesa – revista mensal <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong><br />
arquitectura prática, Lisboa, n.º 7, ano XXIV (2ª série), Julho <strong>de</strong> 1931, p. 49 a 50 e p. 55.<br />
223 ―Arquitectura Tradicional Portuguesa – O gran<strong>de</strong> casino nas Termas <strong>de</strong> S. Pedro do Sul‖, i<strong>de</strong>m, n.º 1, ano XX, Janeiro<br />
<strong>de</strong> 1927, p. 49 a 51 e estampa e ―Arquitectura Tradicional Portuguesa – Projecto <strong>de</strong> um Gran<strong>de</strong> Hotel para as Termas <strong>de</strong><br />
S. Pedro do Sul‖, i<strong>de</strong>m, n.º 8, ano XX, Junho <strong>de</strong> 1927, p. 21 a 23 e estampa.<br />
224 ―Projecto <strong>de</strong> um asilo para raparigas a construir em Serpa pela Ex. ma Sr.ª D. Mariana Nunes e Castro‖, em<br />
Arquitectura Portuguesa – revista mensal <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong> arquitectura prática, Lisboa, n.º 5, ano XXV (2ª série),<br />
Maio <strong>de</strong> 1932, p. 35 a 36.<br />
225 Ver fichas <strong>de</strong> inventário 925.SRP.01 e 927.SNT.01.<br />
226 Cf. BEJA, Filomena; SERRA, Júlia; MACHÁS, Estrela; SALDANHA, Isabel, Muitos anos <strong>de</strong> escolas – Ensino<br />
primário [até] 1941, i<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, vol. 1, vejam-se os projectos tipo III-Centro, tipoXXI-Norte, e tipo XXXVI-n.º61, p.<br />
116, p.133. p.147, respectivamente.<br />
227 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m , p.199 a 243.<br />
228 Veja-se ―Arquitectura Tradicional Portuguesa – Edifícios Escolares – Construção da 1ª Secção dos Pupilos do Exército<br />
<strong>de</strong> Terra e Mar‖ [arquitecto Fre<strong>de</strong>rico <strong>de</strong> Carvalho], em A Arquitectura Portuguesa – revista mensal <strong>de</strong> construção e<br />
arquitectura prática, Lisboa, n.º 11, ano XIX, Novembro <strong>de</strong> 1926, p. 41 a 43 e Estampa; ―Arquitectura Tradicional<br />
Portuguesa – Pavilhão das aulas da 2ª secção do Instituto dos Pupilos do Exército (…)‖, em ob. cit., Lisboa, n.º 2, ano<br />
XIX, Fevereiro <strong>de</strong> 1926, p. 1 e 2. Ver também ficha <strong>de</strong> inventário 926.LSB.01.