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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

91<br />

Capítulo 3<br />

proce<strong>de</strong>u-se à substituição dos peitoris das janelas por novos, com <strong>de</strong>senho próximo <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>los revivalistas; a porta <strong>de</strong> entrada foi trocada por uma porta com consi<strong>de</strong>rável<br />

aparato, a qual incluiu um conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>graus <strong>de</strong> acesso. A varanda no piso superior,<br />

imediatamente sobre a porta, reforçava o impacto visual, coadjuvada pelo <strong>de</strong>senho do<br />

telhado, também renovado. No interior, a intervenção foi fundamentalmente <strong>de</strong>corativa. As<br />

ma<strong>de</strong>iras das portadas, portas e ombreiras foram totalmente substituídas por ma<strong>de</strong>iras<br />

brasileiras. Na sala <strong>de</strong> estar, com funções vestibulares, foi aplicado um chão <strong>de</strong> tijoleira<br />

com pequenos ladrilhos <strong>de</strong>corativos, sendo ainda criada uma nova escadaria <strong>de</strong> acesso ao<br />

segundo piso (construída em sucupira talhada). Sobre o patamar do segundo piso foi aberta<br />

no telhado uma clarabóia artificial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho circular, <strong>de</strong>corada com linhas negras sobre<br />

fundo branco 314 .<br />

Na verda<strong>de</strong>, esta intervenção, tendo <strong>de</strong>corrido já em 1956, retomou antigas<br />

linguagens (muito próximas <strong>de</strong> revivalismos <strong>de</strong> outrora) na fachada, sendo o interior<br />

projectado numa apropriação do mo<strong>de</strong>lo experimentado em Gouveia. Tratou-se <strong>de</strong> uma<br />

―reabilitação‖, fundamentalmente <strong>de</strong>corativa, com pontuais modificações do espaço<br />

habitacional. Neste caso, aparenta ser evi<strong>de</strong>nte que a vonta<strong>de</strong> do cliente teve um papel<br />

<strong>de</strong>cisório na renovação do imóvel 315 .<br />

Em meados da década <strong>de</strong> 60 foi construída, em Santarém, a Casa do Campino 316 .<br />

Este edifício, com funções <strong>de</strong> pavilhão multiusos na Feira do Ribatejo, acabaria por<br />

consolidar gran<strong>de</strong> parte das idiossincrasias regionalistas em <strong>de</strong>senvolvimento. De facto,<br />

como já se consi<strong>de</strong>rou no capítulo anterior, este edifício está pleno <strong>de</strong> simbolismo apelando<br />

às tradições ancestrais recuperadas pela etnografia e pelo folclore. Enquanto, pavilhão<br />

central do gran<strong>de</strong> certame agrícola ribatejano assumiu-se, bastante cedo, como o símbolo<br />

da persistência <strong>de</strong> um ―mundo rural‖ num contexto urbano.<br />

Estamos perante um edifício <strong>de</strong> tipo claustral, construído fundamentalmente em<br />

alvenaria e tijolo, mas também incorporado uma laje pré-esforçada <strong>de</strong> betão. A fachada<br />

reproduz uma linguagem tradicional, com bastantes elementos <strong>de</strong>corativos associados a um<br />

imaginário conceptual supostamente nacional ou regional. Aí, surgem, também, formas<br />

comuns a <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, tais como: os pináculos piramidais no telhado; a<br />

fenestração em óculo, o <strong>de</strong>senho dos peitoris das janelas. Na entrada principal, cinco arcos<br />

314<br />

Entrevista com Manuel <strong>Coimbra</strong> (filho), proprietário <strong>de</strong> um imóvel estudado, conduzida por José R.<br />

Noras a 23 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2008.<br />

315<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />

316<br />

Ver no Inventário ficha 964.STR.07

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