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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

115<br />

Capítulo 3<br />

em Seia <strong>de</strong>sta Estação dos CTT, muito provavelmente projectada por A<strong>de</strong>lino Nunes (ou<br />

por outro qualquer outro antigo colega da DGEMN). Será uma i<strong>de</strong>ia rebuscada, mas se não<br />

temos provas documentais que comprovem a atribuição a autoria a <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> e a<br />

A<strong>de</strong>lino Nunes, pelo IAPXX, também não temos nenhumas que a contradigam. Por outro<br />

lado, este edifício faz sentido no contexto da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, integrando-se numa<br />

fase transitória entre o apelo do mo<strong>de</strong>rno e a lógica <strong>de</strong> retorno ao tradicional.<br />

No que toca à organização do espaço, o edifício dos CTT <strong>de</strong> Seia transpõe, quase<br />

linearmente, o ―projecto tipo 1‖ da CNE/CTT, já o seu aspecto exterior <strong>de</strong>sfia os mo<strong>de</strong>los.<br />

O telhado <strong>de</strong> duas águas e um pequeno alpendre pitoresco com arcadas em granito<br />

aproximam-se do ―grito <strong>de</strong> portuguesimo‖, reclamado pelo jornalista do Voz da Serra 386 .<br />

No entanto, o elevado <strong>de</strong>clive da água esquerda do telhado e o <strong>de</strong>senho funcional das<br />

restantes fachadas, com poucas e geométricas fenestrações, foi motivo <strong>de</strong> parcimónia nas<br />

congratulações da imprensa pela obra construída 387 .<br />

De facto, constituindo um novo compromisso entre lógicas estéticas, o conjunto<br />

final do edificado traduz um certo experimentalismo (sem a carga i<strong>de</strong>ológica que hoje a<br />

palavra assume), mas que em última análise ce<strong>de</strong>u às necessida<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> reivindicação<br />

do tradicional. A verificar-se a participação <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> no projecto, este assume, no<br />

contexto da sua obra, a crescente reaproximação a uma ―arquitectura tradicional renovada‖<br />

a partir dos primeiros anos da década <strong>de</strong> 40.<br />

3.2.3 – Desenhos <strong>de</strong> um “café mo<strong>de</strong>rno”: o Café Central em Santarém<br />

No breve ensaio ―A cida<strong>de</strong> e as serras: urbanida<strong>de</strong> da arquitectura mo<strong>de</strong>rnista‖,<br />

José Manuel Fernan<strong>de</strong>s salientava a particular importância da reformulação mo<strong>de</strong>rna do<br />

―café‖, enquanto espaço arquitectónico 388 . Na verda<strong>de</strong>, como espaço <strong>de</strong> convivência e <strong>de</strong><br />

nova sociabilida<strong>de</strong> a pequena unida<strong>de</strong> hoteleira <strong>de</strong> restauração, geralmente <strong>de</strong>signada por<br />

―café‖, por ―pastelaria‖, ou por ―confeitaria‖, sofreu gran<strong>de</strong>s transformações com a<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> logo, aliás como apontou Graça Dias 389 , nestes estabelecimentos, não<br />

raras vezes, a própria nomenclatura apelava ao mo<strong>de</strong>rno: ―Café Central‖, ―Pastelaria<br />

386 ―Edifício dos Correios – A sua inauguração com a presença do ilustre Chefe do Distrito, representante da<br />

Administração geral dos CTT e mais elemento oficial‖, em A Voz da Serra, i<strong>de</strong>m, 1 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1946, p.1.<br />

387 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m<br />

388 FERNANDES, José Manuel, ―A cida<strong>de</strong> e as serras: urbanida<strong>de</strong> da arquitectura mo<strong>de</strong>rnista‖, em Arquitectura<br />

Portuguesa – Temas Actuais II¸ Lisboa, Livros Cotovia, col. ―três razões‖, 2005, p. 105 a 115.<br />

389 DIAS, Manuel Graça, 30 exemplos (Arquitectura Portuguesa no virar do século XX), Santa Maria da Feira, Relógio<br />

d’Água, col. ―Arquitectura‖, Novembro <strong>de</strong> 2004, pp. 11 a 31.

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