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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

150<br />

Capítulo 3<br />

Damasceno estão bem documentados e <strong>de</strong>monstram um cuidado com os espaços e a<br />

<strong>de</strong>coração ao pormenor. Os <strong>de</strong>senhos do balcão do bar, das portas resultaram da<br />

apropriação plena <strong>de</strong> referências internacionais, no quadro das artes <strong>de</strong>corativas. Na<br />

configuração das portas e no <strong>de</strong>senho dos puxadores, <strong>de</strong> novo encontramos influências <strong>de</strong><br />

Mallet Stevens. 522 No gran<strong>de</strong> átrio da entrada as iniciais ―TRD‖ estilizadas na marmorite<br />

recordavam o lettering do pavilhão da casa <strong>de</strong> perfumes Ach. Brito, num efeito<br />

harmonioso com as escolhas para iluminação, como já vimos. No foyer do 1.º balcão está<br />

uma mesa em ferro, cuja proveniência não é certa, trata-se <strong>de</strong> um objecto com alguma<br />

aproximação à ―arte nova‖, não perturbando, contudo, o conjunto harmonioso do espaço.<br />

As malogradas ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira (que ar<strong>de</strong>ram antes ainda do incêndio <strong>de</strong> 2008)<br />

também tinham uma configuração próxima <strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los, como po<strong>de</strong>mos observar nas<br />

fotografias existentes 523 .<br />

Tanto quanto po<strong>de</strong>mos supor, os outros cine-teatros repetiam, com menos<br />

exuberância, as soluções do Teatro Rosa Damasceno. Do Teatro Cine <strong>de</strong> Gouveia existe<br />

um <strong>de</strong>senho das ca<strong>de</strong>iras da plateia, mas trata-se <strong>de</strong> uma peça que revela antes soluções<br />

técnicas e maiores preocupações com o conforto dos espaços, do que um elemento<br />

<strong>de</strong>corativo. Nas portas e nos puxadores existia o mesmo <strong>de</strong>senho usado em Santarém ou<br />

em Almeirim. Será interessante verificar, que numa obra sem <strong>de</strong>clarado valor<br />

arquitectónico, o Seminário <strong>de</strong> Beja, o <strong>de</strong>senho das portas interiores, algo simplificado,<br />

baseia-se neste mo<strong>de</strong>lo, o qual foi persistindo, sendo ainda utilizado no Cine-Teatro <strong>de</strong><br />

Alcácer do Sal, em 1948 524 .<br />

O exemplo <strong>de</strong> Seminário <strong>de</strong> Beja será paradigmático <strong>de</strong> uma fase transitória, da<br />

qual po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar o Hotel Abidis, o Gouveia Hotel ou o prédio para Alberto Miguel,<br />

na Covilhã. No Hotel Abidis uma ―pastelaria mo<strong>de</strong>rna‖ convivia com um espaço hoteleira<br />

<strong>de</strong> linhas tradicionais — com mobiliário ―solarengo‖, publicitado pelo próprio Hotel, numa<br />

pitoresca colecção <strong>de</strong> postais 525 . No Gouveia-Hotel, segundo a imprensa da época, a<br />

―mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>‖ seria pedra <strong>de</strong> toque da gran<strong>de</strong> sala jantar, enquanto nos quartos se optava<br />

522 SOARES, Tiago Lopes, ob cit., i<strong>de</strong>m.<br />

523 CUSTÓDIO, Jorge e RODRIGUES, José Augusto, Fotografias Teatro Rosa Damasceno <strong>de</strong> Santarém, em Custódio,<br />

Jorge, Teatro Rosa Damasceno – fundamentação para a classificação como Imóvel <strong>de</strong> Interesse Público, Santarém,<br />

1991. [Policopiado].<br />

524 PICARÓ, André, Fotografias do Cine-Teatro <strong>de</strong> Alcácer do Sal, Alcácer do Sal, 2010 – Arquivo <strong>de</strong> José R. Noras.<br />

525 Colecção <strong>de</strong> Postais com interiores do hotel Abidis, [autor anónimo], edição do Abidis-Hotel/Neogravura Ld.ª<br />

,Lisboa, s/d [colecção particular <strong>de</strong> José Miguel Correia Noras

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