16.06.2013 Views

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

76<br />

Capítulo 3<br />

localização foram questionadas. A necessida<strong>de</strong> ou a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ―bairro operário‖<br />

foi, largamente, posta em causa, aliás, todo o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> renovação urbana na zona<br />

ribeirinha da vila teve a generalizada oposição da elite local 274 .<br />

Na realida<strong>de</strong>, este programa <strong>de</strong> investimentos públicos foi uma manifestação tardia<br />

<strong>de</strong> um surto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbano, situação que se ia fazendo sentir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> finais do<br />

século XIX nas cida<strong>de</strong>s (ou vilas) <strong>de</strong> pequena e média dimensão. Fenómeno que estava<br />

centrado em equipamento públicos ou, mais particularmente, em infra-estruturas viárias e<br />

também em mercados cobertos 275 .<br />

Numa primeira fase, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste último programa arquitectónico —<br />

acompanhando a transformação dos antigos mercado e feiras sazonais em estruturas<br />

perenes — surgiu bastante associado à chamada ―arquitectura do ferro‖ seguindo as<br />

referências europeias ou brasileiras da época 276 . Progressivamente, a construção e o<br />

<strong>de</strong>senho arquitectónico dos mercados cobertos acabou por adoptar outras formulações<br />

linguísticas, seguindo o <strong>de</strong>bate estético e i<strong>de</strong>ológico no seio da arquitectura portuguesa.<br />

Contemporâneo do Mercado Municipal <strong>de</strong> Ponte <strong>de</strong> Lima, o projecto para mercado coberto<br />

<strong>de</strong> Santarém (1930), assinado por Cassiano Branco, ainda se aproximava da linguagem<br />

―arte nova‖, sem trair com alguns pormenores (como o gran<strong>de</strong> painel azulejar no frontão)<br />

uma tendência histórico-culturalista 277 . Outros projectos <strong>de</strong> mercado, como o do mercado<br />

<strong>de</strong> Vila Franca <strong>de</strong> Xira (1928 <strong>de</strong> autor <strong>de</strong>sconhecido) reforçavam esta tendência. Enquanto,<br />

274 Vejam-se os artigos da imprensa local: MAGALHÃES, António <strong>de</strong>, ―O Mercado Municipal - ouvindo opiniões – o<br />

ilustre magistrado António <strong>de</strong> Magalhães envia ao Car<strong>de</strong>al Saraiva um carta corajosa e expressiva <strong>de</strong> linguagem<br />

formulando o seu protesto pelas obras do mercado, em Car<strong>de</strong>al Saraiva, Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 746, ano XVII, 3 <strong>de</strong><br />

Novembro <strong>de</strong> 1927, p. 1 e 3; M., A., ―O Mercado Municipal - ouvindo opiniões - o Senhor Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aurora reprova o<br />

local escolhido para o mercado‖, i<strong>de</strong>m, Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 745, ano XVII, 27 <strong>de</strong> Outubro, p. 1 e 3; ―Mercado Municipal -<br />

Nota Oficiosa‖, i<strong>de</strong>m, Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 752, ano XVII, 7 <strong>de</strong> Janeiro 1928, p. 1 e 2; ―O Mercado Municipal - ouvindo<br />

opiniões‖, i<strong>de</strong>m, Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 743, ano XVII, 13 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1927, p. 1; ―O Mercado Municipal - ouvindo<br />

opiniões - Dois <strong>de</strong>dos <strong>de</strong> cavaco Sr. Dr. Francisco <strong>de</strong> Queiroz‖, em i<strong>de</strong>m, Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 744, ano XVII, 20 <strong>de</strong><br />

Outubro <strong>de</strong> 1927, p. 1; ―O Mercado Municipal - ouvindo opiniões - o Sr. Francisco Malheiro, antigo presi<strong>de</strong>nte da<br />

câmara aprova o local escolhido para o mercado‖, i<strong>de</strong>m, Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 747, ano XVII, 10 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1927, p. 1<br />

e 3; ―O Mercado Municipal - ouvindo opiniões - o Sr. Dr. Filinto <strong>de</strong> Morais fala ao Car<strong>de</strong>al Saraiva‖, i<strong>de</strong>m, Ponte <strong>de</strong><br />

Lima, n.º 748, ano XVII, 17 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1927, p. 1 e 2; ―O Mercado Municipal - ouvindo opiniões - o Sr. Gonçalo<br />

<strong>de</strong> Abreu Coutinho protesta também vigorosamente contra o futuro mercado municipal‖, i<strong>de</strong>m, Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 749,<br />

ano XVII, 1 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1927, p. 1; ―O Mercado Municipal - ouvindo opiniões - o ilustre engenheiro Sr. Tenente<br />

José Caetano Viera Lisboa, Cavaleiro da Torre e Espada e antigo aluno laureado da escola da guerra, fala ao Car<strong>de</strong>al<br />

Saraiva sobre o mercado municipal‖, i<strong>de</strong>m, n.º 751, Ponte <strong>de</strong> Lima, ano XVII, 22 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1927, p. 1 e 2; ―O<br />

Mercado Municipal - ouvindo opiniões - o Sr. Francisco Magalhães não julga o mercado municipal necessário‖, i<strong>de</strong>m,<br />

Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 750, ano XVII, 8 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1927, p. 1 e 2; MORAIS, Filinto, ―Um carta do Sr. Dr. Filinto <strong>de</strong><br />

Morais‖, i<strong>de</strong>m, Ponte <strong>de</strong> Lima, n.º 750, ano XVII, 8 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1927, p. 1<br />

275 Cf. CUSTÓDIO, Jorge, ―As linhas <strong>de</strong> força da História Social <strong>de</strong> Santarém no século XIX‖ em Santarém a Cida<strong>de</strong> e<br />

os Homens, Santarém, Junta Distrital <strong>de</strong> Santarém/Museu Distrital <strong>de</strong> Santarém, 1977, p. 17 a 64 [Actas]; NORAS, José<br />

R. Razões <strong>de</strong> um Mercado – o Mercado Municipal <strong>de</strong> Santarém, Lisboa, Apenas Livros, 2009, p. 5 a 18.<br />

276 PEVSNER, Nikolaus, Historia <strong>de</strong> las tipologias arquitectónicas, Barcelona,Gustavo Gili, 2 1980; SILVA, <strong>Geral</strong>do<br />

Gomes da, Arquitectura do Ferro no Brasil, São Paulo, Nobel, 1986.<br />

277 NORAS, JOSÉ R. Razões <strong>de</strong> um mercado - o mercado municipal <strong>de</strong> Santarém, i<strong>de</strong>m.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!